No motociclismo desde criança, Sabrina Paiuta sabe o que quer da vida. Predestinada e já com sucesso em terras brasileiras, a moça de 18 anos tomou atitude e, mesmo diante de dificuldades para competir em solo europeu, não desanimou e procurou saídas. A ideia, então foi se utilizar do crowdfunding (financiamento coletivo), para reunir a quantia necessária para continuar sua carreira no exterior e ganhar mais experiência.

A iniciativa foi feita por meio de um site especializado no crowdfunding, e lá Sabrina oferece produtos em retorno ao investimento, como camisetas, capacetes, palestras e até aulas de motociclismo. O objetivo é correr as provas da European Junior Cup deste ano, sendo que atualmente já conseguiu 20% do valor que necessita.

“Pretendo continuar minha carreira no motociclismo e estou visando minha carreira internacional. Estou em um bom caminho e vou segui-lo até o fim. Acho que depois de tantos anos tentando e persistindo não há motivos para parar de competir”, conta, ciente da dificuldade que existe na custosa carreira nas pistas.

A piloto também já ouviu opiniões contrárias de quem não procurou compreender sua atitude.

“Há muito comentários. Ouvi falarem: ‘Você tem bons status, não pode ficar pedindo dinheiro para as pessoas. Isso soará mal na sua carreira’. Julgaram-me quando não tinha a reconhecimento do público do motociclismo, mas foi por isso que pisei no chão e segui em frente”, revelou.

Recém-formada no Ensino Médio, Sabrina sabe que sua beleza chama a atenção em um meio em que há poucas mulheres. Mesmo centrando somente em seu desempenho nas pistas, sabe que pode fazer uso de sua imagem para criar mais oportunidades.

“Eu acredito que usar a boa imagem seja muito legal, como fotos diferenciadas, mas tenho uma teoria: Não há diferenças entre homens e mulheres dentro da pista. E por isso, quando coloco o capacete, penso apenas em ser piloto”, garantiu.

Leia a entrevista com Sabrina Paiuta na íntegra:

Virgula Esporte: Como você teve essa ideia?

Sabrina Paiuta: Vi que o piloto Rafael Paschoalin teve a ideia de fazer o pote para participar de uma corrida na Inglaterra e com a ajuda do O Pote (www.opote.com.br) que é um site de patrocínio coletivo, ele conseguiu arrecadar a verba. Nas primeiras etapas do campeonato eu consegui participar, mas para as próximas corridas eu não tenho patrocínio para cobrir, então segui os conselhos do Rafael e resolvi criar o meu próprio Pote.

O meio do automobilismo é historicamente terreno para pilotos de famílias abastadas e iniciativas como essa dificilmente são vistas. Depois que você começou essa campanha, outros pilotos que competem contra você comentaram algo?

Há muito comentários. Ouvi falarem: “Você tem bons status, não pode ficar pedindo dinheiro para as pessoas. Isso soará mal na sua carreira”. Julgaram-me quando não tinha a reconhecimento do público do motociclismo, mas foi por isso que pisei no chão e segui em frente. Se formos seguir o que os outros querem, viveremos por eles não por nós mesmos.

Pretende usar a sua beleza como um chamativo para a sua campanha, além do fator de como competir na Europa é importante para a sua trajetória?

Eu acredito que usar a boa imagem seja muito legal, como fotos diferenciadas, mas tenho uma teoria: Não há diferenças entre homens e mulheres dentro da pista. E por isso, quando coloco o capacete, penso apenas em ser piloto. Muitos dizem que tenho duas personalidades, uma o oposto da outra. Seria ótimo fazer um comercial de cabelo ou algo da área, inclusive estamos atrás de patrocínio dessa área. Posso mostrar que mesmo no mundo de maioria masculina eu continuo a ser uma mulher que se cuida e gosta da vaidade.

Conte-nos um pouco da sua relação com o seu pai, Eduardo. Como que ele te motiva?

Meu pai sempre foi apaixonado por motociclismo, sendo no motocross ou no motovelocidade. Ele teve muitas experiências nas duas modalidades. Quando eu tinha sete anos, meu pai treinava uma menina, a Stefany Serrão, e foi a partir dessa época que pude ver que eu também podia.

Sempre fui muito ligada ao meu pai e acredito que sua paixão por motos passou para mim logo quando nasci, pois preferia mil vezes brincar com as motos do meu irmão do que de boneca. Mas nunca perdi e meu jeito feminino.

Sua mãe aprova tranquilamente? Dá alguns conselhos?

No começo foi muito difícil para ela aceitar. Mas como ela percebeu que eu realmente amo o que eu faço, aí não tinha mais jeito. Ela me apoiou e apoia cada vez mais.

Depois de conseguir esse crowdfunding e disputar o campeonato europeu, qual o próximo passo previsto na sua carreira?

Espero que dê tudo certo este ano para que eu guarde minha vaga no European Junior Cup. Quero continuar a ganhar experiência com esses pilotos fantásticos e me preparar ao máximo para crescer cada vez mais.

Aliás, você pensa em continuar sua carreira ou ainda pretende se formar e se especializar em outra área?

Pretendo continuar minha carreira no motociclismo e estou visando minha carreira internacional. Estou em um bom caminho e vou segui-lo até o fim. Acho que depois de tantos anos tentando e persistindo não há motivos para parar de competir. Sei que preciso fazer faculdade e me formar, afinal não somos ninguém sem estudos, mas ainda não faço ideia do que quero.


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Aos 18 anos, Sabrina Paiuta busca verba em crowdfunding para correr na Europa: ‘Não há motivos para parar’