No início de outubro (10/10), acompanhamos pela Rede Globo a final do Torneio Internacional Feminino de Vôlei Salonpas Cup, realizada no Ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.

Passados alguns dias, achei prudente levantar uma questão que foi muito discutida entre técnicos, dirigentes, jornalistas e especialistas do meio esportivo. Trata-se da postura que a maior emissora do país assumiu diante de uma saída que os entitulados “esportes olímpicos” encontraram para atrair patrocinadores, uma vez que a pouca exposição dessas modalidades na mídia sempre comprometeu o interesse de empresas privadas.

A prática encontrada foi a de associar o nome do patrocinador ao nome do time e/ou equipe. Não é de hoje que isso acontece e são inúmeros os <i>cases</i> de sucesso com o vôlei, basquete, futsal e tantas outras modalidades.

Na ocasião, a final foi disputada pelas equipes Rexona-Ades/Rio de Janeiro e Finasa/Osasco, dirigidas pelos técnicos Bernardinho (ouro em Atenas – 2004) e José Roberto Guimarães (ouro em Barcelona – 1992), respectivamente.

Durante a transmissão, a Rede Globo insistiu que o jogo era “a volta da rivalidade entre Rio e São Paulo”, insistiu também em chamar a equipe patrocinada pelas marcas Rexona e Ades de “equipe do Rio de Janeiro” e a patrocinada pelo Finasa de “equipe de Osasco”. Não podemos deixar de citar os closes que foram dados nas entrevistas com os técnicos e atletas das duas equipes, tudo para que não aparececem as marcas que estavam pagando a conta do espetáculo.

Entre os anos de 1999 e 2000, tive a oportunidade de trabalhar numa equipe de basquete feminino, a A. A. Guaru, que hoje é conhecida pela sua vitoriosa parceria com o São Paulo Futebol Clube. Na época, pude constatar o quão difícil é a realidade dessas equipes que, mesmo contando com profissionais qualificados, muitas vezes não conseguem obter o apoio de empresas e, por isso, acabam no ostracismo.

O que ficou de lição dessa época é que se nós, da imprensa, não aprovarmos essas formas de patrocínio, o que será dos “esportes olímpicos”?

Sabemos que imprensa é um negócio e que alguém também tem que pagar a conta, mas acredito que temos que ser maleáveis, pois aquela final só foi emocionante e só gerou um bom conteúdo para a emissora em questão – bem como para todos os outros veículos – porque alguém estava pagando a conta do torneio, alguma empresa estava pagando o salário das atletas do Rexona-Ades e do Finasa. Vale lembrar que durante os próximos quatro anos, ou seja, até Pequim 2008, serão aquelas e outras empresas que irão custear os salários de nossos campeões olímpicos, que tanto foram idolatrados um mês atrás.

Para que fique bem claro: ao contrário do que foi mencionado na trasmissão, o jogo não significou “a volta da rivalidade entre Rio e São Paulo”, mas era apenas uma final entre as equipes do Rexona-Ades/Rio de Janeiro e Finasa/Osasco.

<i><b>Bruno Mendonça</b> é jornalista, foi editor do jornal <b>Possível Esporte</b> e é colunista do canal de Esportes do <b>Vírgula</b>.
Contato: <b>bruno.mendonca@uol.com.br</b> </i>


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Assim não dá!