“Don’t You… Forget About Me…”

Impossível não associar essa clássica faixa da banda Simple Minds, que marcou o pop rock dos anos 80, com o filme para o qual ela foi composta: Clube dos Cinco (The Breakfast Club, 1985).

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Sim, a música foi composta especialmente para esse filme que também marcaria a década de 80. Rodado em 1984 e lançado nos cinemas dos EUA em 1985, o filme consagrou seu roteirista e diretor, John Hughes (1950-2009). No Brasil, não passou nos cinemas: desembarcou por aqui direto em VHS, através da CIC Vídeo, em 1987, com a inscrição “Inédito” na capa da fita – os mais velhos devem se lembrar!

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Portanto, Clube dos Cinco é inédito em salas de cinema do Brasil – e, 30 anos depois, esse jejum se quebrou: a fita será exibida em cópia digital remasterizada dentro do projeto Clássicos Cinemark (com sessões no sábado 01, domingo 02 e quarta 05; veja as salas e horários no site da rede); e antes disso teve uma première especial na noite de quinta (30/07) no Caixa Belas Artes, em São Paulo.

Essa sessão contou com uma presença especial: Andrew Meyer, um dos produtores executivos do filme. O produtor está no Brasil como convidado do 4º Acting Film & Festival, evento promovido anualmente pelo Latin American Film Institute (LAFilm, escola de cinema e TV instalada em São Paulo, no bairro de Higienópolis).

Após a exibição do filme, Meyer respondeu perguntas do público e dos alunos do LAFilm. E assim, acabou revelando detalhes bastante pitorescos sobre a obra. Por exemplo: ele comprou o roteiro de John Hughes para produzir o filme através da A&M Records (uma gravadora musical). Seria um filme independente, com orçamento de apenas US$1 milhão de dólares. Mas logo a Universal Pictures procurou Meyer e ofereceu entrar no projeto, colocando à disposição um orçamento de US$12 milhões. Gol: o filme arrecadou US$85 milhões nas bilheterias americanas.

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Meyer contou que o principal gasto com o filme foi a construção da biblioteca onde se passa a história. No original, Hughes imaginou uma biblioteca simples e compacta. Mas a Universal decidiu que precisava ser uma biblioteca épica, deslumbrante, gigantesca, cheia de ambientes e recantos, para que o espectador não se cansasse de ver sempre o mesmo cenário durante 1h30.

Assim, o estúdio construiu uma “biblioteca espetacular, que tinha de ser incrível, construída do zero”, comentou Meyer. Tudo foi pensado: o balcão para as cenas de dança, a estátua que aparece em várias cenas, e assim por diante.

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O produtor contou que o elenco ficou hospedado num hotel nos arredores de Chicago (onde o filme foi rodado) durante algumas semanas, antes de filmar. O objetivo, claro, era criar química e intimidade entre os cinco protagonistas jovens. O resultado é brilhante, basta ver o filme.

“Nós não sabíamos que esse era o elenco ideal até ver o filme pronto”, contou Meyer, dizendo ainda que, dos cinco atores, Judd Nelson era o mais próximo do diretor Hughes – talvez por ser apenas 9 anos mais novo do que o diretor.

Mas além de Judd o filme trazia outros “preferidos” do diretor: Anthony Michael Hall, que atuara em Férias Frustradas (1983, roteiro de Hughes) e em outros dois longas do cineasta (Gatinhas e Gatões, 1984 e Mulher Nota 1000, 1985); e Molly Ringwald, a musa ruiva máxima, da trilogia formada por Gatinhas e Gatões, Clube dos Cinco e A Garota de Rosa-Shocking (1986). Completam o elenco Emilio Estevez e Ally Sheedy. Abaixo, Hughes posa com seus musos.

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Andrew Meyer disse ainda que ninguém imaginava que o filme iria durar. “Era um pequeno filme”, comentou. O longa está sendo relançado em 400 salas dos EUA para comemorar as 3 décadas da estreia. “Se imaginávamos que 30 anos depois estaríamos relançando o filme? Não, ninguém imaginava”, concluiu.

Mas o talento de John Hughes para retratar a juventude norte-americana dos anos 80 (e isso quando o diretor já tinha seus 35 anos) provou-se atemporal. Em seus filmes mais cultuados, o cineasta criou um verdadeiro mosaico da adolescência, que ultrapassou não só a barreira do tempo, mas a da geografia: jovens do mundo todo se identificaram (e continuam se identificando) com seus personagens.

É por isso que fica difícil rever Clube dos Cinco e não se emocionar em várias passagens, principalmente na cena final, com o desfecho ao som de Don’t You Forget About Me. Duvida? Corra para o cinema e tire a prova.

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