A maior feira de arte do mundo, a Miami Art Basel, acabou no domingo (7), depois de quatro dias de muito fervo e agitação, com inúmeras vernissages, festas, jantares, palestras e muita gente famosa dando pinta pela cidade.
Agora chegou a hora do saldão, enquanto os galeristas contabilizam os lucros, e ver o que realmente foi bacana e o que foi uó neste encontro entre praia, Art Deco, celebs e o mundo das artes plásticas.
O que deu ruim:
1 – Falta de espaços de respiro visuais, feiras de arte, em geral, são um amontoado de obras de diferentes estilos, épocas, propostas e depois de algumas horas, o olhar, mesmo treinado, cansa e vê menos do que deveria.
Bagunça visual tudo bem, mas áreas para respiros do olhar sem tanta poluição visual seriam super benvindos
2 – O roubo de um Picasso no Art Miami, um dos braços da Art Basel, um dia depois da abertura da feira deixou uma tensão silenciosa no ar.
3 – Sabe uma piada contada repetidas vezes? Quando você vê pela primeira vez o badaladérrimo artista britânico Damien Hirst é super legal, mas cansou… Art Basel só veio comprovar isto.
Os remedinhos de Hirst. Até quando, meo Deus?
4 – Em feira de arte, galerista vira vendedora de loja de grife e isto é tããããão cafona.
Como nas lojas de grife, as galeristas ficam medindo as pessoas pela aparência para ver se elas têm dinheiro pra comprar e só assim começar a puxar o saco, tipo atitude pobre e uó
5 – Excesso de famoso querendo dar pinta de artista. Desculpa Miley, Andre 3000, mas esta área vocês não dominam.
6 – A cultura das celebs em torno da feira é excessiva e desnecessária. Antony Hegarty da banda indie Antony and the Johnsons, na última hora foi substituído por… Miley Cyrus em show da Art Basel e isto não é nada mainstrindie.
7 – As pessoas sedentas querendo ver a Lady Gaga na Art Basel e nem eram “little monsters”. E Lady Gaga nem era a artista, só a modelo.
8 – Todo mundo querendo tirar proveito da grife Art Basel. Todo evento na cidade nesta época vira algo Art Basel, sabe… Lançamento de meia-calça, de hotel boutique vem com o nome da feira ao lado para dar um ar de cool (só que não)… Paris Hilton de boneca Barbie para uma parceria entre a Mattel e Moschino é arte que deu ruim.
Paris Hilton, desculpa mas tá uó!
O que lacrou:
1 – Ter artistas contemporâneos realmente novos e realmente bons como o brasileiro Adriano Costa.
“Brazilian Wax”, de Adriano Costa
2 – Poder ver obras consideradas menores e, por isto mesmo, pouco conhecidas de mestres consagrados das artes como Picasso, Calder, Kandinsky…
Picasso pouco visto e conhecido pois está fora do circuito dos museus
3 – Os Kabinetts, espaços que poucas galerias podiam fazer exposições mais de cunho curatorial e sobre um mesmo artista, é um oásis para os olhos diante a farofa visual que é uma feira de arte. E o do pernambucano Paulo Bruscky foi destruidor de tão bom!
O humor poderoso em obra de Paulo Bruscky, na Art Basel
4 – A “siesta” com direito a ronco (vai saber…) proporcionada pelo exercício de Marina Abramovic (ela se recusa a chamar sua ação de arte). Mesmo assim, foi a obra poderosa da Art Basel.
“Sleeping Exercise”, na Art Basel, ação de Marina Abramovic para promover seu instituto
5 – A cantora, artista e ativista Cibelle Cavalli enlouquecendo as pessoas com sua persona m-a-r-a Sonja Khalecallon e sua instalação-performance-evento-vida Las Venus Resort Palace Hotel. Loucurinhas boas.
As pessoas entravam, se fantasiavam, relaxavam e Cibelle/Sonja manda um texto bom
6 – Obra nova do artista chinês Ai Weiwei é sempre um desbunde desconfortante.
Ai Weiwei e a simplicidade poderosa das ideias em seu “Cubo de Cristal”
7 – Lady Gaga encarando a morte.
Lady Gaga faz a “Mademoiselle Caroline Rivière”, de Ingres (1806)
8 – Obra em espaços públicos são sempre benvindas. Arte para todos!
No Collins Park, de Miami Beach, foi feito um jardim de esculturas com trabalhos de diferentes galerias. Lindo demais!
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