Cena de Paraíso Perdido, Foto de Fabio Braga

Nome superlativo da grande arte brasileira, com contribuições prestadas ao cinema, teatro e música, a diretora Monique Gardenberg volta às telonas com Paraíso Perdido, melodrama que conta, ao som de clássicos da música popular romântica, a história de uma família de cantores.

“Nasceu da música e o filme é uma homenagem à música romântica popular brasileira”, afirmou em entrevista coletiva, em São Paulo, nesta segunda (28).

Com Erasmo Carlos, Seu Jorge, Julio Andrade, Hermila Guedes, Marjorie Estiano, Jaloo, Malu Galli, Julia Konrad, Humberto Carrão, Lee Taylor e Felipe Abib, o filme estreia na quinta.

“Eu queria falar de um universo mais popular, isso eu sabia desde que eu fiz Ó Pai Ó, então eu botei pra tocar É Impossível Acreditar que eu Perdi Você, com Márcio Greyck, e imaginei uma moça chorando e cantando na frente de um espelho, com um teste de gravidez na mão. Depois imaginei uma outra moça chorando no táxi, indo se vingar de alguém que lhe fez muito mal”, disse.

“Depois eu imaginei uma terceira em coma, no hospital, com o rosto todo enfaixado de ataduras, só ficava o olho de fora, e ela acordava desse coma, que seria a Nádia, e finalmente eu falei podia ter uma quarta mulher cantando a música. Esta música podia estar sendo cantada por alguém. Podia alguém está cantando em uma boate, destas de São Paulo, do centro da cidade, que eu gosto de frequentar. Podia não ser uma mulher, podia ser um homem vestido de mulher, e assim nasceu Ima”, continuou.

“Assim nasceram Celeste, Eva, Nádia e Ima. E assim nasceu o embrião desta história, porque tá chorando, porque tá indo matar? Porque tá no hospital em coma. Esse menino tá em que boate, que boate é essa, de quem é? E aí começou sem nenhuma ideia de onde isso ia dar. Eu voltava pra escrever como quem volta pra ler o próximo capítulo do livro”, completou.

Monique Gardenberg falou que seu método de trabalho na frente das câmeras é mais emotivo que cerebral.

“Isso é uma coisa que perturba muita gente quando trabalha comigo, porque me perguntam. Mas eu gosto de fazer assim porque vem muito mais como um sonho, ela se constrói a partir de resíduos que estão lá na minha vida, inconscientes, do que de uma ideia cerebral pré concebida”, comentou.

Ela resumiu o início do projeto da seguinte maneira: “Começou tudo com a vontade de filmar. Eu estava há muito tempo sem filmar, dependendo de muita gente ao longo destes oito anos que eu não filmei. Adaptação da Caixa Preta do Amoz Óz, que depende de atores internacionais para que eu possa adaptar o filme”, afirmou ela, adiantando seus próximos projetos.

“Adaptação do Boca do Inferno, da Ana Miranda, pra uma série de televisão que depende de uma emissora de televisão que queira contar esta história dos primórdios do século 17, na Bahia”, continuou.

“Por último Ó Pai Ó 2, que infelizmente a gente enfrentou uma série de obstáculos. Três roteiristas assumiram o filme os três tiveram que sair do filme por questões profissionais, que foram chamados para outras coisas, ou que foram impedidos de continuar no trabalho”, detalhou.

Buscando substrato no próprio cinema, na psicanálise, na mitologia grega e tendo a música como fio condutor, a cineasta faz um filme necessário e amoroso sobre tempos de intolerância e retrocessos.

Paraíso Perdido

Paraíso Perdido
Créditos: Foto: Fabio Braga/Dueto Produções

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'Nasceu da música', diz Monique Gardenberg sobre Paraíso Perdido

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