A novela La Viuda de Rafael (A Viúva de Rafael), que estreou na última terça-feira (13) na televisão argentina, retrata a luta do coletivo transexual pelo reconhecimento de seus direitos e para conseguir a lei do casamento igualitário.

Baseada no livro homônimo do escritor porto-riquenho Luis Daniel Santiago Estrada, a telenovela, com toques de comédia romântica e que evita cair no grotesco, tem como protagonista Nina, uma travesti que, em um acidente, perde o amor de sua vida e, com isso, praticamente fica na rua.

“Nina vive como concubina de Rafael há mais de 15 anos. Mas, no primeiro capítulo, fica viúva porque Rafael sofre um acidente e morre. A família de Rafael tira tudo o que ela tinha e a deixam na rua”, conta à Agência Efe Camila Sosa Villada, que dá vida a Nina.

“Assim começa para Nina “um roteiro não só para recuperar o que lhe corresponde como herança de Rafael, mas também para conseguir o título de viúva”, relata a atriz.

A história, que se desenvolverá em 13 capítulos, é ambientada em 2009, antes da aprovação na Argentina da lei de casamento igualitário, que não só permitiu as bodas entre pessoas do mesmo sexo, mas, além disso, reconheceu os direitos dos contraentes em caso de viuvez.

Camila, que pela primeira vez atua na televisão após uma carreira como atriz de teatro e cinema, destaca que sua personagem, antes de enviuvar, não era uma militante dos direitos dos transexuais, mas “uma princesa que vive em uma caixa de vidro”.

“Nina é quase a imagem burguesa de uma transexual. É uma dona de casa, que ama e vive para seu marido. Sofreu por não ter família e por isso pretende que a família de Rafael a aceite. Mas se dá conta de que está sozinha no mundo, sai de seu conto de fadas e enfrenta este mundo”, relata a atriz.

A protagonista deve então se apoiar em suas amigas, três transexuais, interpretadas por Maiamar Abrodos, atriz e militante pelos direitos dos transexuais, Gustavo Moro, um ator transformista, e a atriz Jorgelina Vera.

O programa, que será transmitido em horário nobre pelo Canal 7 da televisão pública argentina, mostra nesta história a luta pela aprovação da lei do casamento igualitário em 2010, debate parlamentar de fato mostrado em parte em um dos capítulos.

“É uma comédia romântica, uma história de amor, que conta a luta de Nina para ser reconhecida como viúva e também a história de suas amigas transexuais, mas não a partir da marginalidade e sim dos seus problemas cotidianos”, disse à Efe Laura Fernández, produtora executiva do programa.

Laura destacou que o programa também mostra como, a partir da aprovação da lei do casamento igualitário, Nina e suas amigas “podem começar a encontrar seu lugar na vida”.

“Acho que as pessoas vão se surpreender. Falamos de transexuais donas de casa”, comenta a produtora.

Produzida pela Atuel Producciones, a obra foi uma das ganhadoras do concurso organizado pelo Conselho Interuniversitário Nacional e do Conselho Assessor do Sistema Argentino de Televisão Digital Terrestre para séries de prime time.

O projeto nasceu a partir de uma ideia do ator Tony Lestingi, que entrou em contato com Luis Daniel para adaptar seu romance para a televisão.

Com direção de Estela Cristiani e roteiros do próprio Lestingi e de Marcelo Nacci, o elenco de La Viuda de Rafael também conta com Rita Cortese, Fabián Gianola, Luis Machín, Lucas Crespi e Alejo García Pintos.


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Caso de transexual é retratado na novela argentina La Viuda de Rafael