Instagram Campanha sobre recuperação de transtornos alimentares

Basta abrir aquela minúscula lupa do Instagram, sem grandes intenções, para ser atingido por uma infinidade de barrigas chapadas, bundas duríssimas, braços e coxas sarados e silhuetas esculpidas e bronzeadas em praias paradisíacas.

Depois da overdose fitness, qualquer espiada no espelho vem como um soco no estômago: aquilo que está refletido, ali, parece muito distante do ideal perfeito de beleza que as redes sociais propagam a todo e qualquer custo.

Um dos custos tem a ver com gatilhos para transtornos alimentares. Recentemente, uma campanha fitness “às avessas” ganhou o Instagram, conhecida por #BoycottTheBefore (#BoicoteOAntes, em português), com direito a perfil oficial nas redes e mais de 3 mil seguidores.

A ideia é mostrar por que a recuperação de pessoas com algum tipo de transtorno alimentar vale mais do que o simples “antes e depois”, montagens que se popularizaram em perfis de dietas e emagrecimento.


Em vez de celebrar a obsessão pela magreza e pelo corpo perfeito, a campanha pretende criar um ambiente mais seguro para quem está exposto a tantos gatilhos de peso e imagem corporal, sugerindo que as pessoas são muito mais do que uma “foto do antes”.

A pressão por ser  ter esse “corpo belo”, que está toda hora sendo exposto em redes sociais, é, sim,  um gatilho” para os transtornos ou para práticas alimentares caóticas, desordenadas. O que as redes sociais deixam subentendido é que para você ser aceito, admirado ou respeitado, deve alcançar um corpo belo, ou seja, magro”, observa Patrícia Cruz, nutricionista e especialista em transtornos alimentares.

O #BoycottTheBefore funciona, portanto, como um respiro em meio à loucura; é a pausa na busca desenfreada por corpos perfeitos, inatingíveis e irreais, que nem sempre são sinônimos de saúde e boa nutrição.

De acordo com Patrícia Cruz, a prevenção dos gatilhos e do desenvolvimento de transtornos mais graves está no cultivo de redes sociais mais humanas e empáticas, em que as pessoas são estimuladas a desenvolver o amor-próprio, livre de estereótipos.

“Felicidade, sucesso, aceitação social e amor não devem estar ligados à forma física. Vivemos em um ambiente gordofóbico, não encaramos o excesso de peso e obesidade como condição clínica de saúde e sim como falta de caráter”, atenta a nutricionista.

Se o estímulo ao emagrecimento não é limitado ou combatido de alguma maneira, é hora de ligar o alerta vermelho. De acordo com a especialista, pessoas com insatisfação excessiva com a imagem corporal, reclamações constantes à respeito do peso e adeptos de dietas extremamente restritivas podem estar à beira de um transtorno alimentar. É preciso buscar ajuda imediatamente.

“Os transtornos alimentares são doenças psiquiátricas com conseqüências nutricionais severas. Deves ser tratados por uma equipe de médicos psiquiatras, psicólogos e nutricionistas”, alerta Patrícia Cruz.


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Campanha fitness 'às avessas' pede boicote a fotos de antes e depois de dietas

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