Vindos da geração de grupos da Internet, o quarteto Lasciva Lula mostra que é possível usar as ferramentas da web para divulgar sua música e fugir do óbvio. Felipe fala das influências da banda, Internet, música e mídia em geral…

Virgula Música – Vocês ficaram no primeiro lugar parada do leitor da revista Bizz? O que isso significa para banda? Estar no topo de uma parada eleita pelo público? Algo como ocorre também com outros prêmios… Rola um tipo de recompensa, já que a mídia geralmente ignora grupos iniciantes?
Felipe – Lasciva Lula – É, rolou na Bizz de maio, com o Tarantino na capa. Foi surpreendente, pois estamos numa lista que conta com Capital Inicial, Arcade Fire, Stooges, dentre outros. Isso mostra a força dos independentes nos meios alternativos de divulgação, na internet. É uma galera que pesquisa sons novos, baixa mp3, não se pauta por lançamentos de gravadora e, quando gosta, vira público fiel. Como as mídias tradicionais (tv, jornais, revistas) cada vez mais buscam na internet uma forma de ampliar sua relação com seu consumidor, acaba transparecendo, numa votação dessas, o público ávido por novidades e orgulhoso das suas descobertas. Neguinho quer mostrar que há vida longe do óbvio.

VM – O que a Internet representa para vocês?
Felipe – É nosso principal canal de divulgação. Na internet, uma banda consegue chegar, muito mais rápido, a lugares que dificilmente alcançaria. Seja para divulgar shows, para disponibilizar músicas, para ampliar a interação com o público, enfim, tudo é numa escala exponencial na internet. No nosso site oficial, qualquer um pode comprar CD e camisas na loja virtual, baixar mp3, acompanhar a agenda, aprender as cifras, olhar fotos de show de lugares longínquos, passar o link das músicas para os amigos… Não é mais como no início, quando os amigos da banda eram maioria nos shows… A gente acaba perdendo o controle de quem tem acesso ao trabalho, pois aparecem pessoas de tudo que é canto. E isso é extremamente saudável.

VM – É difícil fazer música no Brasil?
Felipe – Fazer não é difícil, e a multiplicação de bandas na rede mostra isso. Viver exclusivamente de música, sim, é muito difícil. Você acaba tendo que complementar renda com trabalhos paralelos, pois é uma carreira com uma inconstância muito grande na remuneração.

VM – Quais são suas influências da banda?
Felipe – Rock dos anos 60 e 70, Pixies, Arnaldo Antunes e qualquer coisa que dê liga a um processo criativo. Às vezes, um letreiro, uma palavra que um vendedor gritou, um filme, uma notícia de jornal ou até coisas que você não gosta podem ser influência.

VM – Se vocês pudessem escalar bandas nacionais e gringas para um festival com vocês, quem seriam?
Felipe – Pixies, Mutantes, Sondre Lerche, Canastra, Moptop, The Feitos, Belle & Sebastian, Pearl Jam.

VM – Vocês estão preparando um clipe, ainda vale a pena? Já que muitas TVs praticamente os aboliram da programação?
Felipe – Sim, vale muito a pena. O You Tube é um ótimo canal de divulgação (de qualquer lugar, a qualquer hora, qualquer internauta pode acessar o vídeo), existem vários centros que filtram a informação e indicam vídeos para o consumidor de música (blogs de jornalistas, outros sites de música, etc) e um clipe ainda é um ótimo cartão de visitas em qualquer programa de TV que a banda venha a se apresentar.

VM – Todas as resenhas do novo álbum que vemos se multiplicando na Internet são positivas, até o próprio release do Tony Belloto…vocês esperavam por isso?
Felipe – Não dessa forma. Realmente tem sido uma repercussão muito bacana. A gente se dedicou muito à concepção do “Sublime mundo crânio”, em todas as fases de produção, e continuamos empenhados em ampliar o alcance do disco. Acreditamos no que fazemos e a batalha para alcançar um número maior de pessoas não pára nunca para uma banda independente. Em frente!

VM – Assim como foi com diversas bandas, o sotaque já fez surgir comparações com Los Hermanos…como encaram isso?
Felipe – Todos nós da banda gostamos de Los Hermanos. Tenho até a demo, antes de o primeiro disco ser lançado. Mas, cá pra nós, é de uma preguiça tamanha compararem tudo o que surge com Los Hermanos (risos).


int(1)

''Viver de música é muito difícil'', diz Felipe, do Lasciva Lula

Sair da versão mobile