Dez músicas para comemorar o dia do índio
Eles são os primeiros brasileiros. Passaram por um genocídio e ajudaram a formar não só a música brasileira, mas toda a nossa cultura. De certa forma, influenciando a maneira como falamos, vivemos e nos relacionamos.
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Na música, o uso de flautas, os ritmos, as melodias e o canto circular dos indígenas, tudo isso foi assimilado para formar desde as composições de Heitor Villa-Lobos até a MPB de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Djavan, Milton Nascimento. É marcante a presença dessa influência que não tem nada de “selvagem”, mas sim de sofisticada. E muito viva, os índios não são coisa do passado.
Mesmo na música eletrônica, há uma aproximação, a busca pelo transe, o ritmo, a dança. Como disse Carlos Malta, do Pife Moderno, certa vez: “Existe coisa mais moderna que um cara pegar um bambu no meio do mato e sair tocando?”
Filho de índia, Marku Ribas, que morreu recentemente, tinha nessa herança seus ritmos e a arte de tocar no corpo, como Naná Vasconcelos se projetou. O fértil manancial de Pernambuco, de Antônio Nóbrega a Chico Science & Nação Zumbi, também passa pela cultura indígena em sua mestiçagem. E Egberto Gismonti, no livro Música Transpessoal, relata como fui iniciado nesta cultura por um xamã, após passar dias tocando para curumins na entrada de uma aldeia.
Enquanto os indígenas penam para ter suas terras demarcadas e seus direitos respeitados, é sempre bom lembrar que há um índio dentro de cada um de nós. E essa questão sanguínea não pode ser reduzida aos livros de história e ao sobrenome Guarani Kayowá no Facebook. Somos todos indígenas.