O contato musical de Patricia Marx começou muito cedo com o grupo Trem da Alegria, mas, agora, como cantora, ela mostra muito mais amadurecimento e experiência. Patricia falou com o Virgula Música sobre seu novo show, um tributo às cantoras Elisete Cardoso e a musa do jazz Billie Holliday.

Virgula Música – Como surgiu a idéia de fazer o tributo à Elisete Cardoso e Billie Holliday?

Patricia Marx – Essa idéia surgiu no ano passado quando eu resolvi fazer um laboratório para meu próximo disco, que deve sair daqui um ano mais ou menos, então aproveitei esse break para experimentar cantar coisas diferentes que venho cantando, principalmente do meu último trabalho, que foi baseado na Soul Music, que foi baseado em uma pesquisa que fiz em Londres, onde morei durante um ano. Fiz esse laboratório para experimentar coisas novas como cantar samba antigo e jazz antigo, como Elisete Cardoso e a Billie Holiday.

Virgula Música – Como está sendo a resposta, tanto do público como a sua? Te agradou o resultado?

Patricia Marx – O público tem gostado muito, fiquei um pouco surpresa, eu nem esperava tanta empolgação da platéia vendo eu cantar esse tipo de coisa. E é engraçado que esse público se mistura entre os jovens que estão começando a descobrir o jazz e os mais velhos que já curtem.

Virgula Música – A Christina Aguilera irá lançar um álbum de homenagens de jazz das décadas de 30 e 40, o que você acha dessa valorização dos artistas de raiz?

Patricia Marx – Eu acho fundamental para qualquer coisa que a gente vá fazer, pesquisar e ouvir as coisas antigas e saber o que as cantoras ou músicos já fizeram. Isso é importante para termos como referência musical algo mais elaborado, e eu sempre fui muito a favor destas coisas mais elaboradas e misturadas, recicladas com o novo. Eu sempre pesquisei coisas antigas, isso pra mim não é nenhuma novidade, e não surgiu do nada. Isso eu já venho trazendo há muito tempo e acho que surgiu uma hora oportuna de fazer esse tributo.

Virgula Música – Essa sua experiência de morar em Londres mudou seu processo de composição? A resposta lá no exterior é melhor do que no Brasil?

Patricia Marx – Mudou muito a minha maneira de ver a música, lá fora as coisas parecem que não têm muitas regras, a música é muito mais livre, e ela tem que ser nova e diferente. Isso me deu muito mais bagagem pra criar coisas novas e diferentes e entrar melhor nessa “corrida musical”, em termos positivos, acho que chegando aqui eu trouxe uma visão melhor e mais ampla da música. Lá nós temos a oportunidade de mostrar estas coisas novas, aqui no Brasil ainda é muito restrito, sinto que as pessoas aqui são muito mais regionalistas.

Virgula Música – Como você sente a diferença dessa resposta do público lá e aqui no Brasil?

Patricia Marx – Pra música é muito mais diferente, principalmente no Brasil. Eles sempre fizeram pesquisas em cima da música brasileira ao longo de 30 anos, então, por que nós temos que sempre fazer as mesmas coisas e não ter uma troca com eles em termos musicais? Temos que aprender a abrir nossos ouvidos e nossa cabeça.

Virgula Música – E daqui pra frente, você pretende manter essa linha de composição?

Patricia Marx – Eu sempre busquei coisas no passado e no futuro, misturando essas coisas. Pretendo continuar fazendo isso, mas com coisas que ainda não surgiram, gosto de ser sempre a primeira a lançar as coisas.


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'Temos que aprender a abrir nossos ouvidos e nossa cabeça', confira entrevista com Patricia Marx