Na música, nem sempre o ditado, “rei morto, rei posto” é uma verdade. Este parece ser o caso de Dominguinhos, o “rei da sanfona”, que morreu na terça-feira (23). “Acho que ninguém herda esse trono, infelizmente”, afirma Toninho Ferragutti, um dos principais nomes do instrumento, ao Virgula Música.

Ferragutti, que toca com nomes como Maria Schneider (Estados Unidos), Celine Rudolf (Alemanha), Maria Bethânia, Monica Salmaso e Gilberto Gil, não tem uma visão otimista: “O futuro será a principio um tanto incerto”.

Mas ainda que o autor de Tenho Sede e Eu Só Quero um Xodó, ambas com Gilberto Gil, seja incomparável, não se pode negar seu legado, que descende de Luiz Gonzaga permanece.

Vejam alguns sanfoneiros que não vão deixar o fole se calar:

Toninho Ferragutti e Bebê Kramer, Forró Classudo

Se Dominginhos era chamado de sanfoneiro pop e fez diversas colaborações na MPB, então Marcelo Jeneci, o cara que destacou o som da sanfona na nova MPB, não pode ficar de fora desta lista.

Pra Sonhar, Marcelo Jeneci 

Filho de Pedro Sertanejo, um dos pioneiros dos forrós em São Paulo, Oswaldinho do Acordeon ficou conhecido por fazer versões como a da Quinta Sinfonia de Beethoven, em ritmo nordestino, e por Asa Branca in Blues. Ele personifica a velha escola da sanfona, que exigia virtuosismo e alguns truques para entreter a plateia.  

Hermeto Pascoal é a própria personificação da música e uma das maiores expressões desta arte em todos os tempos e lugares, no nível mais alto possível. Por acaso, ele nasceu nordestino e em tudo que faz esta marca transparece. Assim, ele haveria de estar aqui, ainda que seja multi-instrumentista, como um dos sanfoneiros mais incríveis do Brasil.

Hermeto Pascoal, improviso

A sanfona, ou gaita, como é chamada no Sul, é uma prova de como a cultura brasileira é diversificada e como as conexões se cruzam. Por isso, o gaúcho Renato Borghetti está nessa lista.

Felicidade, Renato Borghetti


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Sem Dominguinhos, 'ninguém herda trono', diz Toninho Ferragutti; veja sanfoneiros