“Se eu fiquei com um certo nervosismo? Eu estava muuuuito nervosa, com muita ansiedade!” Apesar de subir e descer de palcos há 17 anos, Sandy Leah confessa que estava uma pilha antes de começar sua mini-temporada de shows, os primeiros em três anos. Ela falou com o Virgula Música pelo telefone.

São cinco apresentações, que começaram em Curitiba no dia 19/11, passam por São Paulo nesta quinta e sexta (no Citibank Hall; ingressos esgotados) e seguem depois para o Rio (Vivo Rio, 28/11) e Porto Alegre (Teatro do Sesi, 2/12).

“É um novo ciclo”, explica a cantora sobre os shows, baseados em seu disco solo Manuscrito. “É muita responsabilidade e a gente não sabe o que esperar, como vai ser o público. Mas quando a gente está lá, pronto, se sente em casa. Durante o show em Curitiba nem vi o tempo passar.”

O começo em Curitiba foi tenso. O nervosismo transbordou na primeira música. “Cheguei a chorar no palco, mas o público me ajudou e cantou comigo. Foi muito importante pra mim.” Além das músicas do álbum próprio, o repertório ainda tem duas de seu tempo de dupla com Junior e covers de Oasis, Corinne Bailey Rae, Lulu Santos, Marisa Monte e Lenine.

O PASSADO TE CONDENA?

Sua menção às músicas que cantou com Júnior me lembra da história de que ele teria dito que sente vergonha de algumas coisas do passado. Ela já chegou a sentir vergonha também?

“Bom, em primeiro lugar, a declaração dele foi usada de maneira sensacionalista, parecendo que ele sente vergonha de tudo e ele tava se referindo a coisas bem específicas. É a mesma coisa comigo, eu sinto vergonha de detalhes: uma peça de roupa, um cabelo. Mas, no geral, tenho muito orgulho do meu passado, é por causa dele que eu estou aqui!”

No álbum Manuscrito, Sandy investe em pop suave, de tons melancólicos e intimistas. É uma artista ainda buscando firmar sua identidade solo. Algo necessário, visto que para muita gente seu nome ainda remete ao personagem infanto-juvenil que fazia dupla com o irmão e era influenciada pelo pai, Xororó. Bem diferente da Sandy amadurecida, que nunca quis nada com o sertanejo, o estilo que consagrou o pai.

“Eu nunca pensei muito nisso, fui me desvinculando desse estilo à medida em que me pai foi deixando de ter tanta influência sobre mim. Eu não me identifico com a música sertaneja, embora respeite. Mas não tem nada a ver comigo”, explica a cantora. “Desde os 13, ouço outras coisas: Elis Regina, MPB, jazz, folk americano, folk britânico, muito pop britânico. Agora admiro demais meu pai, quando vou nos shows dele, me emociono muito.”

CAUSAS E POSIÇÕES

Para pessoas que ainda não conseguiram tirar a Sandy menina da cabeça, talvez tenho sido uma surpresa a declaração que ela deu semana passada para um jornal do Rio, apoiando o casamento gay.  “É isso mesmo, sou a favor”, ela confirma.

Pergunto se ela acha importante que artistas venham a público defender causas e tomar posição?

“Não acho que seja fundamental, para mim o único dever do artista é fazer seu trabalho bem feito. Mas acho que eles podem apoiar causas sim, e se for a favor de uma causa legal, funciona, é ótimo. Eu mesmo já apoiei muita causa beneficente, social, ambiental.”

E artista deve declarar sua preferência política? Nos EUA, por exemplo, é normal, esperado até, que os artistas se posicionem.

“Política é beeem mais complicado aqui no Brasil. Nos Estados Unidos, eles praticamente só tem aqueles dois partidos, é algo bem definido, bem mais simples. Já aqui se você disser que apoia alguém, todo o resto se volta contra você. E aqui a gente vive essa situação bem desacreditada, né? Eu mesma não me empolguei com ninguém nessa eleição. Agora, se aparecesse um nome que eu sentisse que poderia salvar o Brasil, apoiaria totalmente, deixaria usar meu nome e tudo mais.”


int(1)

Sandy confessa que ficou nervosa com nova temporada de shows