Roger Waters


Créditos: Getty Images

O músico britânico Roger Waters, que se reuniu com o presidente do Chile, Sebastián Piñera, no dia 1º de março em Santiago, afirmou que ficou em “estado de choque” após conversar com o governante sobre o sistema educacional, a política energética e a repressão policial no país.

Em carta aberta divulgada nesta sexta-feira pela “Radio Futuro”, o ex-líder do grupo Pink Floyd questionou as respostas de Piñera a suas perguntas sobre esses temas.

“Eu consultei o senhor Piñera sobre muitos temas, entre eles o sistema de educação, a política energética e, sobretudo, a forma como a polícia reage diante de quem protesta”, indicou o artista no texto.

“Suas respostas, para dizer o mínimo, foram surpreendentes”, afirmou Waters, que ressaltou que o encontro com Piñera, que se prolongou por uma hora, foi realizado em “termos bastante cordiais”.

O músico explicou que quando deixou o Palácio de La Moneda após a reunião estava “em estado de choque”, embora tenha declarado que não comentou nada com os jornalistas que estavam na sede do governo na ocasião.

A respeito do sistema educacional, Waters disse que Piñera lhe garantiu que todas as crianças e jovens chilenos de entre 5 e 18 anos podem estudar em centros públicos ou privados.

“Segundo o senhor Piñera, cada pai do Chile escolhe a escola de seu filho e o Estado zela por todo o sistema”, disse Waters, para quem a afirmação de Piñera “soou como utopia”.

O artista manifestou sua surpresa quando perguntou ao presidente o que acontece com as escolas que vão ficando vazias porque os pais dos alunos preferem levá-los a centros educacionais melhores.

“E o que acontece com essas escolas que vão ficando vazias? Resposta (de Piñera): ‘Fechamos’. Mmmmmm”, diz a carta.

Waters revelou também que Piñera comentou que desde que começou seu mandato, em março de 2010, foram registrados mais de 2 mil manifestações, “todas autorizadas pela presidência”.

O governante, segundo Waters, indicou que durante estes protestos 1,2 mil pessoas ficaram feridas, das quais 1,1 mil eram policiais e os demais eram manifestantes.

“Estou sendo muito duro com o senhor presidente? Espero que não. Será que todos os políticos são tão descuidados com a verdade?”, questionou o artista.

O embaixador do Reino Unido no Chile, Jon Benjamin, que esteve presente no encontro entre o músico e o presidente chileno, declarou nesta sexta em comunicado que a versão da reunião divulgada por Waters “de nenhuma maneira corresponde à percepção” que ele obteve do encontro.

“Queria assinalar que estou muito surpreso pelas últimas declarações de Roger Waters sobre sua reunião com o presidente Sebastián Piñera”, disse o diplomata.

“Estive presente durante o encontro e apesar de, como é meu costume, não revelar o que considero tratar de uma conversa privada, posso comentar que foram abordados temas da realidade chilena em um tom bastante coloquial e amigável”, acrescentou.


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Roger Waters diz que ficou em "estado de choque" após encontro com Piñera

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