A rasteirinha, uma variação do funk, mais lenta e com influências que podem ir do dancehall ao axé, tornou-se o último grito entre produtores do global bass, “tag” que incorpora gêneros como moombahton, zouk bass, brega bass, eletro cha3bi e outras variações da cultura das baixas frequência, que nascem do gueto mundial.

Ouça Omulu

O fluminense Antonio Antmaper, o Omulu, é um dos produtores mais requisitados do subgênero. Recentemente, ele soltou um remix com o norte-americano Comrade, de Passinho do Faraó, do MC Bin Laden. “Existe uma rede na internet de global bass. Estamos todos conectados diretamente ou através de grupos pelo Facebook”, conta.

Passinho do Faraó, do MC Bin Laden, em remix de Omulu, com Comrade
 
Omulu explica como se deu a transição do brega bass para a rasteirinha. “Ambos incorporam um explosão de referências afro-latinas. Porém, o swingado caliente comum aos dois rítmos é herdado de uma influência caribenha. A amazônia sempre recebeu naturalmente essa influência por conta da proximidade geográfica. A Rasteirinha buscou no reggaeton um pouco dessa latinidade. Acho que isso fica muito evidente ao escutar o beat jamaicano dewn bow”, explica.

Sample de dewn bow

O produtor diz que esperava o sucesso da rasteirinha, mas achava que ia demorar um pouco. “Quando ouvi As Novinha Tão Sensacional, do MC Romântico, sabia que aquilo era algo grande, porém realmente não esperava que se popularizaria tão rápido dentro e fora do Brasil”, afirma ele, que também destaca Bagulho Doido como a primeira rasteirinha que estourou internacionalmente.

Ouça As Novinha Tão Sensacional, do MC Romântico 

Ouça Bagulho Doido

Já o DJ Comrade não se avexa em levantar a famigerada plaquinha do “eu já sabia”. “Desde o primeiro momento que eu ouvi Quero Bunda, do MC Ti Pock, sabia que iria fazer barulho na cena do funk e também na do global bass”, defende.

Dago Donato, também DJ e dono do clube paulistano Neu conta que a rasteirinha apenas começa a se descolar do underground nas pistas da poluiceia. “Depende da festa, mas o lance ainda é meio novo. Quando coloco nos meus sets, no Neu ou em outros lugares, vai legal. Costumo misturar com outras coisas com BPM parecidos, como dancehall e twerk. Rola bem”, afirma.

Ouça Dago Donato

Da galera que tem feito rasteirinha, Dago indica Viní, Omulu, Comrade, Carlos Nunez e Mala Noche. Comrade, por sua vez, elege Omulu, Tropkillaz, DJR7, Dj RD NH, Leo Justi, Pesadão Tropical, Carlos Nunez e muitos outros.

Já Omulu, indica, além do Comrade e do holandês descendente de dominicanos Munchi, uma série de nomes. “A lista é grande porque estamos numa fase ótima (risos). “DJR7, A.MA.SSA, Tropkillaz, Flying Buff, Dj Tide, Pesadão Tropical, Asshake, Carlos Nunez, Som Peba, Vini, DJ RD da NH, Kojack, Sants, Bento, Jaloo, Leo Justi, Victor Falcão”, elenca.

Ouça Comrade

Comrade, que descreveria a rasteirinha para um leigo como um “reggaeton do funk”, também vai parar no dembow riddim ao traçar um paralelo com outros gêneros, também do gueto global, que costumava tocar. “Comecei a tocar reggae music em 1996. Principalmente dancehall reggae, que deu origem ao reggaeton. Toquei reggaeton também por muitos anos e existe um beat familiar, claro, o dembow riddim.

O DJ holandês de origem dominicana Munchi é voz distoante, quando diz crer que o subgênero possa se tornar até maior que o trap, o último grande barulho da eletrônica. “Eu não diria que é o novo trap, como sendo o novo hype. Acho que isso possa desempenhar um papel maior, estabelendo uma ponte entre artistas brasileiros e do internacionais. De certa forma, isso já está acontecendo, se você ver as compilações como Funk Na Caixa, por exemplo. É foda”, afirma.

Munchi diz também que torceu pelo sucesso da rasteirinha. “Certamente, quando ouvi que o baile funk estava em 96 BPM (uma velocidade mais familiar ao reggaeton). Eu fiquei muito feliz. Isso é algo que eu nunca esperei que fosse acontecer, mas secretamente eu realmente torcia para isso (risos). Tinha algo muito novo e ao mesmo tempo familiar. Existe muito potencial nisso”, postula.

Ouça Munchi

Sobre os produtores atuais que ele indica Nazar e sobre os produtores de todos os temos, ele elenca “tudo que tem a ver com bachata”.

Munchi define a rasteirinha para um leigo como “100% baile funk no tempo do reggaeton”. Omulu, por fim, vai direto ao ponto: “Rasteirinha é rebolado em forma de música”. Se elas dançam, todos dançam.


int(1)

Rasteirinha, nova variação do funk, ganha projeção internacional. Conheça

Sair da versão mobile