Raggabund

Schweiger & Leske/Divulgação Raggabund

Filhos de mãe peruana e pai paraguaio, os irmãos alemães Paco Mendoza e Don Caramelo formaram o Raggabund em Munique há mais de 15 anos. Neste sábado (19), eles iniciam uma turnê pela América do Sul, que começa em São Paulo.

Com raízes no reggae, os caras passeiam por gêneros como dub, ska, salsa, cúmbia e música eletrônica com letras, no melhor estilo globalizado e multicultural, em alemão, espanhol e inglês.

O em São Paulo, que integra o Mês da Cultura Independente, com organização do Goethe Institut e pelo projeto Pasch, tem como base Buena Medicina (2015, Irievibration Records), terceiro álbum de estúdio dos caras que trocaram uma ideia muito firmeza com a gente e falaram sobre temas como a influência de Roberto Carlos e da música brasileira e a questão dos refugiados: “A Europa é responsável por isso que está acontecendo e achamos que os refugiados devem ser bem atendidos na Alemanha e em toda a Europa. Todos os países devem receber essas pessoas e tratá-las bem”, afirma Paco ao Virgula.

“Somos grandes apoiadores da globalização cultural. Achamos que você sempre aprende algo com isso, sempre tem a aprender com o que é diferente. Para nós é algo ligado a tolerância. Vivemos em cidades grandes com muitas culturas vivendo juntas e pra mim sempre isso é muito bom”, diz. Leia a entrevista completa.

Se liga no teaser da tour dos “alemanes” na América do Sul:

 É verdade que o pessoal em Kreuzberg, bairro boêmio de Berlim, está colocando bandeiras e faixas nas janelas dizendo  “refugiados são bem-vindos” e desde o ano passadoo pessoal vindo da África tem ficado em escolas e isso foi um tema até mesmo da campanha política. Como está a questão dos refugiados em Berlim?
Paco Mendoza – Tudo começou há uns 3 anos, quando começaram a vir mais intensamente. Na Baviera, os refugiados possuem umas leis muito difíceis. Eles não possuem, por exemplo, o direito de sair de suas casas. Acho que eles só podem se afastar de casa num raio de uns 400 metros. Claro que essas pessoas não gostaram desse tratamento e começaram a protestar. Eles fizeram uma “refugee march”, uma marcha dos refugiados saindo de Wurzburg, uma cidade da Bavária, até Berlim. E quando chegaram em Berlim, depois dessa marcha, eles acamparam numa grande área para mostrar seus protesto ao governo alemão.

A partir disso nós, começamos a falar muito sobre isso e apoiar os refugiados, porque achamos que é muito difícil paras as pessoas deixarem seus lares. Eles tem muita guerra e pobreza em suas terras natais. A Europa é responsável por isso que está acontecendo e achamos que os refugiados devem ser bem atendidos na Alemanha e em toda a Europa. Todos os países devem receber essas pessoas e tratá-las bem.

Vocês colaboram com muitos artistas, como esses diálogos os ajudam?
Paco Mendoza – Sempre é uma grande inspiração poder encontrar com outros músicos. Não importa de quais gênero ou ritmos eles vem, nós adoramos trabalhar com eles. Trabalhamos muito com latinos em nosso novo disco, Buena Medicina. Temos combinações com gente de Portugal, México, Itália e também da Alemanha. Todo artista com o qual você colabora, você ganha um novo amigo. Poder trabalhar com pessoas que você admira, é maravilhoso: eles ajudam a sua música e você ajuda a deles. Pra nós a colaboração é algo grande e fundamental na carreira da Raggabund.

O que tá acontecendo de mais novo na música hoje, na sua opinião?
Paco – Musicalmente é a fusão. Eu tenho um programa de rádio na Alemanha e eu vejo que o “fusion” está crescendo muito. Temos a fusão de reggae com ritmos latinos americanos como cumbia. Pode ser também a fusão da eletrônica com batidas tribais. Você tem a cúmbia digital, que é algo grande. Eu quero conversar com pessoas sobre isso em São Paulo. Isso é a grande novidade musical para nós, neste momento.

Nós estamos vendo a questão dos refugiados agora, como acha que a música e a mistura de culturas pode ser uma respostas a isso?
Paco – Somos grandes apoiadores da globalização cultural. Achamos que você sempre aprende algo com isso, sempre tem a aprender com o que é diferente. Para nós é algo ligado a tolerância. Vivemos em cidades grandes com muitas culturas vivendo juntas e pra mim sempre isso é muito bom. Não sei por que tanta gente da Europa e EUA – podemos dizer do primeiro mundo – acha que isso seria algo ruim. Pra gente isso só enriquece a sociedade. Se a sociedade só tem uma cultura ela fica desinteressante.

A música é apenas o produto do mix de culturas: hip hop nunca existiria se não tivesse aí um embate cultural. Ou o reggae, que tem raízes africanas, indígenas e espanholas. Você precisa de ritmos diferentes para criar algo maior. Achamos que uma sociedade só pode ficar maior e se desenvolver, com a mistura. Gostamos de falar sobre isso, é nossa missão. A música ajuda a abrir os olhos. Música é uma boa arma, porque bater com a música não machuca ninguém!

O que a galera pode esperar dos show no Brasil?
Paco – Esta é nossa primeira turnê no Brasil estamos loucos para saber que tipo de gente vai vir em nossos shows. Esperamos nos encontrar com músicos da cena reggae, sabemos também que muitos alunos do Goethe Institut virão. O Goethe está promovendo a nossa turnê e os alunos já nos conhecem.

Conhecemos muitos músicos do Brasil e da América Latina, esperamos que eles venham e que venham também boas colaborações. Vamos ver!

De que país seus pais são?
 Paco – Nossa mãe é do Peru e tocaremos a último show da turnê em Lima, num grande palco. Pra gente é incrível voltar pra lá, eu acho que esse vai ser nosso maior show no Peru. Estamos muito animados. Nosso pai é do Paraguai. Não rolou tocar lá dessa vez, mas queremos tocar lá em breve.

Existem artistas brasileiros que você gostam e que tenham sido influências?
Paco – Sim, com certeza. O primeiro é Roberto Carlos, somos muito fãs. Crescemos com a música dele, porque nossos pais escutavam muito o Roberto Carlos. Brasil é um país muito rico musicalmente. O Sergio Mendes também é uma grande inspiração. Adoramos ainda o rap do Brasil como Marcelo D2 e Emicida e também bossa nova. Somos grandes fãs do Brasil, achamos que todo músico devia ter contato com a música do Brasil.

Que outros artistas atuais vocês gostam e indicam?
Paco – Isso é difícil. Adoramos muitos artistas e não é fácil reduzir isso em 3 ou 4 nomes. Eu gosto de um hoje, de outro amanhã… Mas eu diria os estilos: música eletrônica com influências globais! Ritmos da América Latina como a cúmbia. Aí tem a cúmbia com hip hop e com raggamuffin. Vamos dizer que o fusion é o que mais nos influencia.

SERVIÇO

Turnê Raggabund Brasil e América do Sul 2015

19/9 – São Paulo – Centro Cultural São Paulo – CCSP
Sala Adoniran Barbosa, rua Vergueiro, 1.000, Paraíso, 19h
Entrada franca. Tel.: (11)3397-4002.

24/9 (webshow ao vivo, para todo o mundo www.showlivre.com, 14h, Transmissão ao vivo com interação dos fãs por meio do Twitter
@showlivre

26/9 – Salvador
Museu de Arte Moderna (MAM)
Av. Contorno s/n– Solar do Unhão, 18h
Ingressos: R$7 (meia R$3,50)
Informações:(http://www.jamnomam.com.br

27/9 – Brasília
Praça dos Três Poderes, 20h
Entrada grátis

2/10 – Santiago, Chile

5/10 – Córdoba, Argentina

10/10 – Buenos Aires, Argentina

12/10 –  Montevidéu, Uruguai

16/10 – Porto Alegre, Auditório Araújo Vianna, 19h
Av. Osvaldo Aranha, 685 , Parque Farroupilha
Capacidade: 3.000 pessoas
Entrada grátis

21/10 – Rio de Janeiro, Teatro Rival – Evento Fechado
Para mais informações: (21)3804-8201

25/10 – Quito, Equador

29/10 – La Paz, Bolívia

31/10 – Bogotá, Colômbia

07/11– Peru, Lima


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Raggabund vem ao Brasil e comenta sobre os refugiados: "A Europa é responsável"