Quem foi no Campari Rock deve ter notado que o público brasileiro não está, todavia, aberto para o novo. A acústica da fábrica da lapa não foi a mais apropriada para shows de rock, já que muitas vezes o som se confundia nas batidas e vocais. Mas não foi esse o lado negativo do festival.

As pessoas que estavam ali simplesmente não se deram conta da qualidade musical e performica das bandas. Pode ser que seja anestesia geral, também. Com tanto som de baixa qualidade, não se reconhece bons arranjos.

Os caras do Jumbo Elektro já entraram no maior pique bombando canções divertidas e inteligentes, fazendo rock´n´roll de primeira qualidade. Nota dez para a performance dos meninos fantasiados. Eles não deixaram a desejar em momento algum.

O grupo Freakplasma pesou mais do que o habitual nas bases, se contrapondo ao vocal infantil de Thaís Fasolo, o que surpreendeu o povo que não conhecia o trio. O ápice da atração foi quando três robôs invadiram o palco e mandaram o público “para aquele lugar”, deixando bem claro a visão da banda sobre as pessoas-robôs, que não vivem, apenas existem. ‘É música pra criança’, disse a vocal Thaís Fasolo.

“It´s rock”, palavras de Pietro Straccia, guitarra e vocais do Apside, banda californiana que conta com o brasileiro Bruno Romani no baixo. Os caras fizeram uma apresentação estruturada, mostrando que entendem do som, que funde grunge com punk e brit-pop, lembrando desde Sonic Youth à Stone Temple Pilots.

A grande atração da noite, foi sem dúvida alguma The Kills. O casal surpreendeu. O som chega a ser clássico, além da performance da dupla ser fantástica. A norte-americana Alison Mosshart com o franjão todo na cara gritava e cuspia, enquanto o inglês Jamie Hince tocava e fingia que estava atirando em todos com a guitarra. Não teve mais pra ninguém na noite, já que a dupla tocou antes do que estava previsto.

O desânimo do público, que muito discretamente não se moveu, leva a crer que não importa quantos bons músicos temos no país. O rock intimida e ainda não faz parte da vida dos brasileiros. Rock não é visual, é atitude.


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Primeiro dia de Campari Rock feito de desertores