O Black Sabbath é uma das mais importantes e influentes bandas de todos os tempos. Eles são para o Heavy Metal o que os Stooges foram para o punk.

Formado em 1969 em Birmingham na Inglaterra pelos ainda jovens Bill Ward (bateria), Geezer Butler (baixo), o rei dos riffs Tommy Iommi e o acima de qualquer suspeita Ozzy Osbourne.

O Sabbath atingiu a marca impressionante de seis discos clássicos em seis anos. Os álbuns Black Sabbath, Paranoid, Master of Reality, Vol. 4, Sabbath Bloddy Sabbath e Sabotage são mais do que essenciais pra qualquer roqueiro que se preze.

Mas a fama veio acompanhada de muitos problemas para o quarteto.

Em 1975 o abuso de drogas, as brigas de ego e de direcionamento musical dentro da banda já eram insuportaveis. Ozzy falava em deixar os companheiros por não suportar mais a pressão que estava sendo colocada sobre seus ombros.

O resultado desse cenário preocupante veio em 1976, com o lançamento de Technical Ecstasy. Os pais do metal se perderam de vez no caminho que vinham trilhando desde o princípio de sua carreira.

Num LP fraco, a banda dava claros sinais de cansaço e crise. Sem a pegada e o clima que os tornou famosos, Technical Ecstasy é o preciso retrato de uma banda patinando nos próprios problemas.

As Faixas

Na primeira música, Back Street Kids, nada parece diferente com sua bateria insana e riffs consistentes. Mesmo com alguns teclados sobrando, a faixa não compromete. O solo de guitarra é irretocável.

Mas quando You Won’t Change Me começa é uma escorregada acid-rock das grandes. Ao que parece eles fizeram a curva errada em alguma esquina do rock progressivo e se perderam. Um Sabbath praticamente inofensivo.

It’s Allright tem os vocais de Bill Ward. Mais uma faixa sem pegada. Da pra imaginar o Black Sabbath tocando uma música cuja única guitarra aparece no solo? Pois é justamente o que acontece nessa faixa. Mesmo com a grata surpresa dos dotes vocálicos do baterista, não da pra salvar. O Guns n’ Roses gravou um cover desta músico em seu disco Live Era.

A quarta faixa é Gyspsy e parece qualquer coisa menos Black Sabbath. A falta de empolgação chama a atenção novamente. A atmosfera acid-rock continua presente. Muita firula e pouca maldade.

All Moving Parts (Stand Still) merece um destaque para a linha de baixo funkeada de Geezer Butler. Um riff clássico de Iommi que fica colado na cabeça. Mais uma boa música em meio a tragédia de Technical Ecstasy.

Rock n’ Roll Doctor é no mínimo sem sal. Música sem força. A queda da qualidade do Sabotage para o Technical Ecstasy é enorme, praticamente um abismo. A faixa tem um piano tão dissonante que chega a deanimar até os maiores fãs.

Apesar do belo arranjo de violão e da performance acima da média de Ozzy Osbourne em She’s Gone, a música não passa de uma balada tema fixo tão comum nos anos 70. A falta de direcionamento do quarteto mais macabro da década é latente.

A redenção só vem mesmo na última música. Dirty Woman é a melhor música do álbum. Até entrou na gravação do CD de retorno dos caras, o Reunion. Dirty Woman é a única música do disco que merece estar na galeria das melhores do Sabbath. Solo perfeito de Iommi e o vocal inspirado de Ozzy levantam o clima do álbum mas o fazem tarde demais.

O Efeito Technical Ecstasy

No geral, Technical Ecstasy é muito parado. É difícil acreditar que a banda que aterrorizou as famílias do mundo inteiro conseguiria fazer um álbum tão fraco e leve.

Os problemas com drogas e as brigas entre os integrantes já davam noticia do comprometimento iminente do futuro da banda. Comprometimento que veio de vez no álbum seguinte Never Say Die!, o último álbum do Black Sabbath que teve o príncipe da escuridão, Ozzy, nos vocais.


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O Pior do Melhor - Technical Ecstasy do Black Sabbath