Zulumbi


Créditos: Vinicius Nunes/Reprodução/Facebook

Novo projeto do Rodrigo Brandão (ex-integrante do Mamelo Sound System), com Lúcio Maia (Nação Zumbi) e DJ PG (Elo da Corrente), o Zulumbi pretende fazer miscigenar a organicidade da música tocada com instrumentos, com a eletrônica do hip hop. 

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Ele vê ainda uma fusão entre MPB e rap em curso. “Tá rolando sim, e no meu ponto vista é bom pra todo mundo. O rap ganha identidade própria, deixa de emular o que se faz nos EUA, e periga até receber mais atenção mundo afora por isso. A MPB, por outro lado, desce do tamanco, se desengessa, respira uma malacagem necessária”, opina.

Mesmos conhecidos por seus outros projetos, o trio pretende ocupar um espaço novo. “Sacar que ninguém tá fazendo hip hop que mistura os beats de timbres digitais com instrumentos tocados ao vivo, percussão pesada, dá uma pilha”, afirma Rodrigo em entrevista ao Virgula Música.

Como foi a história do Afrika Bambaataa ter batizado a banda?

Na verdade, o Bambaataa não nomeu a banda. Ele batizou a mim, como MC oficial da Zulu Nation Brasil, numa cerimônia em SP, em 2002. Me lembro de descer do palco, ver o Sabotage dançando break, coisa que eu nem imaginava que ele fazia, se levantar e vir me abraçar, dizendo q se sentia representado tendo eu nessa graduação. Mas, voltando, quando esse grupo começou a se formar, a gente sacou que a coisa tava indo além de um encontro, se tratava da intersecção de ambas as nações, Zulu e Zumbi. Daí o Zulumbi.

Crê que hip hop e música brasileira estejam em processo de fusão? O que cada gênero tem a ganhar com esse diálogo?

Tá rolando sim, e no meu ponto vista é bom pra todo mundo. O rap ganha identidade própria, deixa de emular o que se faz nos EUA, e periga até receber mais atenção mundo afora por isso. A MPB, por outro lado, desce do tamanco, se desengessa, respira uma malacagem necessária.

Vocês já foram bem-sucedidos em seus outros projetos, porque decidiram montar esse e qual é o maior desafio de começar de novo após já ter experimentado o reconhecimento? Quais são os prós e contras?

Rolou de forma espontânea, não foi decisão arbitrária. Era pra ter sido um show só, coisa pontual, mas soou melhor que o esperado pra gente. Daí foi questão de perceber que tava fluindo e deixar se levar pela correnteza, liga?

O desafio de começar coisa nova existe, mas funciona mais como estímulo. Em termos musicais, sacar que ninguém tá fazendo hip hop que mistura os beats de timbres digitais com instrumentos tocados ao vivo, percussão pesada, dá uma pilha.

No campo lírico, pouca gente, fora o Metá Metá, tá falando de orixás, aprofundando o tema da conexão África-Brasil. No rap em específico, a elegia do consumismo é patente hoje em dia, enquanto isso, o Zulumbi aborda as questões do desenvolvimento espiritual versus acúmulo material. Mas vale ressaltar: não tem essa de orelhada, pra gente a diversão, e a dança pra exorcizar as dores cotidianas, são vitais!

Enfim, renovar é preciso, mantém a gente vivo, ativo e com fome de bola. O fato de já ter uma rapa que conhece as coisas que cada um fez antes, e confia que vai sair coisa boa desse encontro é um facilitador, sem dúvida. Nesse momento não me ocorre nenhum ponto contra, na sincera.

 


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Novo projeto, Zulumbi busca fazer rap brasileiro sem 'emular o que se faz nos EUA'