FKA Twigs


Créditos: Reprodução

Os ares do Brasil estão muito mais etéreos nesta terça (09). A inglesa FKA twigs está entre nós, para um show particular. É, tudo bem, não vai mudar muita coisa (ou melhor, nada) na nossa vida, mas é bom você incluir o nome dela em seu repertório. Com dois EPs lançados e um álbum, LP1, ela é a mais nova obsessão da música lá fora. Também tem aquele detalhe de que ela namora o Robert Pattinson (é, é daí que você ouviu o nome dela). Mas a gente vai te mostrar porque a garota se sustenta sem precisar de ator-britânico-mania-adolescente-de-2008 nenhum.

Em uma matéria sobre FKA twigs, o jornal The Guardian descreve a jovem de 26 anos como o melhor exemplo britânico atual de um R&B etéreo e distorcido. Embora seja verídica, essa definição talvez seja insuficiente; o que a garota, apelidada de “Twigs” (galhos, em inglês), por conta dos estralos de suas juntas quando dança, faz é pessoal demais para caber em uma caixinha.

O objetivo de tudo o que FKA twigs faz é conseguir levar quem a observa para dentro de sua cabeça — um mundo singular que me parece repleto de uma fumaça capaz de te levar a outro nível de consciência. A inglesa sofre de constantes enxaquecas graças a uma doença chamada tinnitus, que faz com que ela ouça barulhos aleatórios dentro de sua cabeça; fruto de uma exposição frequente a sons mais altos do que o recomendado para seres humanos e que está associado à perda auditiva. “Quando eu tive [uma crise de tinnitus] pela primeira vez, eu chorei. Eu fiquei ‘Eu nunca vou ouvir o silêncio novamente’. Você nunca mais ouve o silêncio”, ela explicou sobre a condição em uma entrevista para a revista Dazed. “Eu tenho que me concentrar de verdade em certos elementos das minhas músicas para ter certeza de que eles realmente estão lá”.

Sim, Twigs, eles estão. Toda a música dela é permeada e pontuada por uma variedade de sons particulares, se cruzando em um minimalismo industrial. “Eu não estou restringida por nenhum gênero musical”, ela estabeleceu para o Le Monde. “Eu gosto de experimentar sons, gerando emoções ao colocar a minha voz em determinadas atmosferas (…) Quando eu era mais nova, só ouvia punk (…) e agora eu encontrei meu próprio jeito de tocar punk. Eu gosto de sons industriais e de incorporar sons do dia a dia, como o alarme de um carro”, explica. E o que ela cria te atinge em ondas, você vai absorvendo um pouquinho a cada vez que dá o play. Ainda que não seja um som fácil logo de cara, insistir em ouvi-la vale a pena.

Nascida Tahliah Debrett Barnett, FKA twigs (o t é sempre minúsculo, mesmo,em referência a um antigo apelido, Little T) daquele “o que você vê é o que você leva”. “Não é uma luta entre Tahliah e twigs”, ela esclareceu em entrevista para a Dazed. “Eu lembro de uma vez que estava brigando com um ex namorado e ele me disse ‘eu só conheci a twigs, é uma pena que você nunca tenha me deixado conhecer a Tahliah’. E eu respondi: ‘Querido, eu sou totalmente a mesma pessoa, você só não estava prestando atenção’. Não há diferença. twigs é Tahliah. Este é meu nome. ‘twigs’ não é meu nome artístico, é meu apelido”.

A peculiaridade da produção artística de FKA twigs talvez seja um reflexo de sua infância como Tahliah. Ela era uma criança introspectiva, que criava o seu próprio mundo, em que brincava com um canguru imaginário e se colocava dentro de desenhos animados. twigs cresceu assistindo a sua mãe, uma dançarina especialista em música latina, e foi assim que a garota teve o primeiro contato com a arte. Começou a dançar balé aos oito anos. Quanto a música, ela teve referências um tanto quanto fora do comum — em casa, seus pais ouviam música africana, jazz e ska. “Eu não conheço nenhuma música dos Beatles. Meu pai [seu padrastro, que a criou] nunca ouvia Elvis, Sting ou Bowie. Qualquer banda que o nome estiver em uma camiseta, eu provavelmente não conheço, tipo AC/DC ou qualquer coisa do tipo. Eu não sei o que é isso”. Seus interesses, que iam na contra-mão dos das garotas de sua idade, também demonstram a sua singularidade: ela cantou em um coral gospel e teve aulas de ópera. Tudo apoiado por sua mãe e seu padrasto: “Eles sabiam que a filha deles queria ser estimulada e aprender coisas novas”, ela disse para a Dazed.

FKA twigs se mudou para Londres com 17 anos. Lá, ela trabalhou como dançarina, participando, inclusive, de clipes de gente como Jessie J (assista ao vídeo de Price Tag; ela está lá). A inglesa também deu aula em centros para a juventude, ensinando crianças e adolescentes a cantar, compôr, escrever. Até que o programa em que trabalhava foi cortado pelo governo. “Eu queria ser terapeuta artística, eu queria trabalhar com jovens e trabalhar no setor social. Quando isso acabou, foi devastador, mas também me fez perceber que eu poderia fazer as coisas sozinha, do meu jeito”, ela contou para a revista Rookie. “Eu posso me vestir como eu quero e fazer a música que eu gosto e eu posso produzir se quiser. Eu também posso ser diretora de vídeos. Eu posso fazer todas essas coisas”.

 


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