O reality show “Novosídolos”, que estréia nesta quarta-feira (9/4), no SBT, ganhou novo nome após a rede Record comprar os direitos sobre o programa de sua “filial” norte-americana, o “American Idol”.

Em sua terceira temporada, o “Novosídolos” permanecerá, na bancada de jurados, com os produtores musicais Carlos Eduardo Miranda e Arnaldo Saccomani, que conversaram com o Virgula Música a respeito do programa veiculado no SBT.

Esse modelo de reality show vende a idéia de que o vencedor irá se tornar mega conhecido e que a fama é certa. Mas, ao decorrer das edições do Ídolos, Popstars e Fama, percebemos que o artista lançado não consegue se estabelecer no mercado da música.

“Por dois motivos: primeiro, não podemos esquecer que o mercado fonográfico enfrenta uma grande crise. Esses artistas que saíram [dos programas] deram de cara com essa situação”, disse Arnaldo Saccomani. “Outra coisa é que não há um apoio da gravadora depois que o artista sai do programa”, acrescenta.

“Mas, isso [a crise da indústria fonográfica] não é um fenômeno local”, completa Carlos Eduardo Miranda. “O American Idol, dos Estados Unidos, também emplacou poucos, só a Kelly Clarkson [participante da primeira edição, em 2002] e um ou outro”.

Apesar de poucos, o “American Idol” ainda conseguiu emplacar artistas que duraram mais do que alguns suspiros, como a citada Clarkson que inclusive levou dois Grammys para casa em 2006. Se o Ídolos é uma cópia do programa americano, por que não conseguimos lançar os nossos?

“A diferença é que aqui é o Brasil, não os Estados Unidos. Se aqui um DVD de artista vender 10 mil é considerado uma vitória. Lá, se vender 1 milhão não é grande coisa”, argumenta Saccomani. “A diferença básica é a falta de apoio da gravadora para sustentar o artista depois. O programa levanta a bola do artista, quem tem que chutar e fazer o gol é a gravadora. Mas, não podemos desconsiderar o contexto de crise que esses artistas surgiram”.

“O ganhador do primeiro ‘Ídolos’, Leandro [Lopes], poderia ter deixado sua marca no mercado facilmente, mas faltou uma boa produção”, complementa Miranda. “Há uma perplexidade das gravadoras diante desse cenário de crise. Elas estão se redescobrindo como empresa, pois seu papel está praticamente inútil. Gravar e lançar CD não é mais um bom negócio. Antes, é preciso lançar o artista”.

Apesar de efêmero, as meninas do Rouge (grupo que surgiu na primeira edição do “Popstars”, veiculado no SBT) conseguiram virar febre durante algum tempo, principalmente com a música “Ragatanga”.

“Acho que o Rouge foi bem, porque era outro momento do mercado, a venda de CDs e DVDs ainda estava quente. Foi a partir da primeira edição do Popstars [2002] que houve um declínio no mercado fonográfico, tanto que o Br’oz, que veio depois, não fez tanto sucesso. Os últimos seis anos foram negros para a indústria por causa da pirataria, dentre outras coisas”, explica Saccomani.

Diante da falta de acertos das edições anteriores, o “Novo Ídolos” virá com um novo modelo de programa. Todo o mês, haverá três eliminatórias, de onde sairá um finalista, que irá ganhar um carro. Os participantes poderão, depois, vendê-lo e investir na carreira. Outra diferença essencial é o fato de os participantes poderem usar trabalhos autorais. “Será muito mais simples e democrático. Não estamos mais em busca de grandes vozes, mas personalidades”, comenta Miranda.

Porém, vale lembrar que programas do estilo do “Ídolos” são um fim (e não um meio) em si. “Reality shows são programas de entretenimentos, que dão um espaço para a pessoa provar do que é capaz. Mas, participar de um ‘Fama’ ou um ‘Popstar’ não vai necessariamente transformar o candidato em ídolo”, conclui Saccomani.

Confira os artistas vencedores de reality shows musicais!


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Miranda e Saccomani falam sobre 'Novosídolos' e por que o modelo antigo não deu certo

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