Montagem/Reprodução Jorge Ben Jor

Luz Polarizada, faixa do disco Solta o Pavão (1975) foi apontada por Jorge Ben Jor como sua música mais emblemática. Avesso a entrevistas, a declaração foi dada durante o anúncio do projeto Nivea Viva, que este ano homenageará o lendário Babulina, com participações de Céu e Skank, com direção musical de Dadi Carvalho.

“Uma música emblemática está no meu LP Solta o Pavão. Todo mundo considera porque fala… tem umas palavras muito herméticas, sobre alquimia. É uma música que até o pessoal que eu conheço, os poetas herméticos, vieram perguntar para mim, como, quando, onde eu estava. Se eu tinha pensando em alguma coisa completamente além do meu conhecimento e do que a letra fala… Mas é uma história. Eu consegui fazer do meu estilo de poeta urbano, suburbano. Não acho que seja tanto assim emblemática, mas gostaria que você ouvisse essa música, a quinta faixa do LP Solta o Pavão”, afirma, se contradizendo no final.

O jornalista Tarik de Souza, em matéria sobre o icônico cantor, no Jornal de Música, em 1975, já alertava para esta característica de Jorge. “É avesso, percebo, às racionalizações de pergunta-resposta das entrevistas. Fica incontrolavelmente agitado, quando é forçado a colocar os lances que acontecem e ele, numa linha lógica. Tem ritmo no corpo: gosta de pular, assunto em assunto, sempre por perto de futebol e música, suas paixões eternas”, escreveu.

Na coletiva, Dadi falou seu “mestre”. “Eu aprendi com ele o jeito que ele faz música, que é um jeito intuitivo. O jeito que ele improvisa é uma coisa de jazz, as coisas acontecem na hora. Eu me identifico muito com isso, aprendo muito com ele”, afirmou.

“Eu comecei a tocar com Jorge em 75, depois que eu saí dos Novos Baianos, e depois eu venho tocando desde lá, entre as coisas que eu fiz e eu sempre volto. Agora tenha a honra de estar aqui de novo, faço parte da banda do Zé Pretinho, Admirável Jorge V. Gravei esses discos que para mim é uma honra estar no meu currículo, o África Brasil, o Solta o Pavão”, disse o baixista conhecido também pelo A Cor do Som, Barão Vermelho e Caetano Veloso – Leãozinho foi feita para ele.

Os discos Tábua de Esmeralda (1974), Solta o Pavão (1975) e África Brasil (1976) formam a chamada trilogia mística do artista carioca, também marcam a eletrificação do som do gênio de Madureira. Salve, Jorge!


int(1)

Jorge Ben Jor elege música de fase mística como a mais emblemática

Sair da versão mobile