“Scream!”. Ahhhh. “Obrigado”. Ahhhh. Gerard Way não precisou de muito para ter a platéia paulista nas mãos no primeiro show do My Chemical Romance em São Paulo, na noite desta segunda-feira.

Assim que Way entrou no palco, os gritos ultrapassaram a voz do cantor, que não tentou falar mais alto que a platéia. Um gesto, uma palavra, e os presentes de descontrolavam. A empolgação era tanta que logo na segunda música, um empurra-empurra fez com que a banda parasse de tocar.

“Vamos levantar as pessoas. Vocês aí”, dizia Gerard tentando acalmar a platéia. A banda viveu a mesma situação nos shows de Curitiba e no Rio, o que pode indicar que há tempos aqueles jovens esperavam por um show do grupo de New Jersey, sendo que alguns acamparam horas na porta do Via Funchal para garantir lugar junto à grade.

Com a situação sob controle, o MCR tocou I’m Not OK e inaugurou a sessão de choros, que ainda teria uma noite longa. De olhos pintados, nome da banda riscado no corpo, a maioria do público tinha entre 13 e 18 anos, e vive a tal fase da “aborrescência”, mas que também é marcada por dúvidas e crises.

Com letras que falam sobre as tais crises, emos declarados ou não, o grupo se tornou um dos melhores retratos da juventude de hoje. Não à toa, o público sufocou a voz de Way em Teenagers, que fala justamente sobre os dilemas da juventude.

Além de Gerard, formam o MCR Ray Toro e Frank Iero (guitarras), Mikey Way (baixo) e Bob Bryar (bateria).

O show de quase duas horas teve espaço para músicas de todos os discos do MCR, desde I Brought You My Bullets, You Brought Me Your Love (2002), Three Cheers for Sweet Revenge (2003), Life on the Murder Scene (2006) e Welcome to the Black Parade, de 2007.

Quem esperava uma produção de primeira, afinal, a banda andou declarando em entrevistas a veículos brasileiros que tinha a melhor turnê do momento, se decepcionou. Apenas uma bandeira com o nome da banda cobria o fundo do palco. E mais nada.

Bandeiras, cartazes, pulseiras e até uma camisinha foram parar no palco e depois carregadas ‘delicadamente’ por Way antes de se despedir do público.

Na lateral do palco, três garotas foram retiradas de cadeira de rodas depois de passarem mal no meio do público. Outra dezena saiu carregada, fugindo dos mais ‘empolgados’. Ao lado, os pais que encararam a dura missão de levar os filhos ao show olhavam atentos às crias, seguros de que nada fugiria do controle. Alguns se comunicavam com olhares, se questionando “o que a minha filha viu nesses caras?”. Mas, ao final do show, a cara de satisfação dos adolescentes superava qualquer barulheira – definição de um show de rock para os mais velhos.

Helena, o grande hit da banda, encerrou o show, depois de ser pedida em coro pela platéia, que cantou com Gerard até o fim. Pra se despedir, restou apenas o So long / and good night

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Gritos, desmaios, tumulto e rock marcam show do MCR em SP