Qinho por Gabriela Perez

Nome destacado da nova cena de música brasileia, o carioca Qinho está lançando um álbum com dez versões de canções do repertório de Marina Lima.

Em Qinho canta Marina (Biscoito Fino), o cantor, músico e produtor traz os sucessos da diva para seu universo musical.

Marina, com quem Qinho já dividiu o palco, aprovou o resultado final. Qinho tem show marcado em São Paulo, no dia 13 de setembro, no Centro Cultural Rio Verde. Leia nossa conversa sobre nova música brasileira, Marina Lima e outros assuntos:

Em que aspectos considera Marina mais revolucionária?
Qinho – Destacaria a Marina compositora e produtora. Na época em que começou, final dos 70, mulheres compositoras eram uma raridade e a Marina criou uma marca na música brasileira, suas canções têm uma identidade muito forte, são inconfundíveis. O que também tem a ver com a determinação dela enquanto produtora, em como foi vanguarda no uso das baterias eletrônicas e nos timbres de sintetizadores nas gravações dos seus discos.

Por que quis fazer o disco?
Qinho – O desejo de fazer o disco foi muito genuíno. Depois que nos conhecemos, passei a compreender melhor a dimensão da sua obra e aquelas músicas me fisgaram de um jeito diferente, pra mim foi uma nova paixão como ouvinte e amante de música, uma descoberta. Quando trouxe a ideia pro palco, o retorno do público foi o grande motor de tudo, o disco nasceu desse encontro, quando senti que aquilo também estava fazendo sentido para outras pessoas além de mim.

O que tá rolando de mais interessante na música?
Qinho – Pergunta difícil, porque tem tanta coisa interessante acontecendo ao mesmo tempo. Acho que talvez isso seja o mais interessante, inclusive, essa simultaneidade, essa profusão enorme de produção fonográfica. Muita gente produzindo música inédita, testando coisas, arriscando, usando a tecnologia pra chegar mais longe. Nos últimos anos a gente viu uma quantidade grande artistas novos surgindo e ganhando relevância na cena nacional. Por um momento achou-se que a música no Brasil andava estagnada, pelo contrário: acho que estamos observando uma grande onda de novos artistas que vieram pra ficar e fazer história.

Você veio do samba e migrou para o pop, acha que isso ilustra bem o atual
momento?
Qinho – Na verdade, eu vim do samba rock. Eu sempre curti a mistura do samba com outros ritmos, por influência direta do Jorge Ben, então, no meu caso, já era um samba contaminado também pelo pop. Acho que hoje em dia tudo tem o seu valor e o samba é uma força que nunca vai parar, com suas derivações e desdobramentos que sempre vão acontecer.

Que características crê que sejam mais marcantes da sua geração?
Qinho – Difícil falar por toda uma geração, mas acho que a nossa característica marcante é a multiplicidade e uma visão mais 360º da carreira. Como a gente não conta com tanta estrutura de produção, como era costume antigamente, temos que botar a mão na massa em diferentes frentes de trabalho, isso gera uma autonomia bastante relevante na carreira, mas que pode servir pro bem ou pro mal, porque estamos mais solitários nessa guerra de mercado. Isso tudo cria um novo ambiente para a criação, mais caótico talvez, porém extremamente fértil.

Quais são suas referências estéticas?
Qinho – São muitas, gosto de ouvir tudo, ou pelo menos quase tudo. Acho o movimento recente do funk de São Paulo muito interessante, ouço muito artista novo gringo também como Connan Mockasin, Thundercat, Frank Ocean. Mas nunca abandono João Gilberto, Jorge Ben, Tom Jobim, Caetano e Gil, Gal Gosta, Eumir Deodato, Moacir Santos…

Quais são seus valores essenciais?
Qinho – Simplicidade e sensibilidade.

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Créditos: Caroline Lima

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'Destacaria a Marina compositora e produtora', diz Qinho

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