Frito Sampler e Grace Ohio, personas de Tatá Aeroplano e Julia Valiengo

Maíra Acayaba/Divulgação Frito Sampler e Grace Ohio, personas de Tatá Aeroplano e Julia Valiengo

O alter ego de Tatá Aeroplano, Frito Sampler, apresenta nesta quarta (26), Sesc Pinheiros, seu disco de estreia, Aladins Bakunins. Ele chega ao auditório da unidade junto com um pequeno all-stars da nova música underground  brasileira, batizados com o nome de The Hippie Hunters. São eles: Marcos Leite Till, do Tigre Dente de Sabre no baixo e sintetizadores; Pedro Gongom, da Trupe Chá de Boldo, na bateria; Moisés Moita Mattos, da Porcas Borboletas nas guitarras. Tatá/Frito completa o time ao lado de Grace Ohio – codinome de Julia Valiengo – nos vocais, sintetizadores e violão.

Ouça Aladins Bakunins, primeiro disc0 de Frito Sampler: 

Cinéfilo, o músico contou ao Virgula que o gatilho para a criação de múltiplos personagens foi o filme Holy Motors, do francês Leo Carax. Se o cultuado cineasta tem um ator fetiche, Denis Lavant, Tatá é o ator fetiche de si mesmo nessa viagem psicodélica.

Qual é a diferença entre o Tatá do Cérebro, o Tatá solo e o Frito Sampler?
Tatá Aeroplano – De uns anos pra cá me deixei levar pelos loucos que me habitam. Uns se manifestaram no Cérebro Eletrônico, no álbum Vamos Pro Quarto eu pude radicalizar nesse lance de criar personas que cantam com vozes diferentes, encontrei o Pássaro, o Triste e o Noiado do Computador ( o que canta na A Internet Parou). Tudo culpa do Leo Carax e seu filme Holy Motors.

Com os dois discos Tatá Aeroplano e Na Loucura & Na Lucidez encontrei caras maravilhosos como Junior Boca, Dustan Gallas, Bruno Buarque e DJ Marco, com eles pude ir fundo no lance visceral e procurar a canção no seu estado mais natural possível, encontrei novas vozes e parceiros. Já o Frito Sampler é uma entidade que canta numa língua inexistente, eu faço isso desde muito pequeno, onde criava canções com melodias conectadas com a música internacional que escutava, ao mesmo tempo o Frito me traz uma conexão ancestral muito louca com o mato e com a noite, é algo inexplicável e que só vou saber melhor quando gravar o próximo disco dele.

Esse lance dos heterônimos é uma coisa meio Fernando Pessoa?
Tatá Aeroplano – É Fernando Pessoa total. E foi reativado na minha cabeça quando assisti ao já citado Holy Motors, simplesmente abri a caixa de Pandora pra deixar a malucada toda se manifestar. É uma inspiração que não cessa, um encantamento,  um alumbramento com esses personagens que chegam. Com o Frito voltei as minhas raízes, fui pro sítio, fiz uma série de clipes com meus parentes e amigos do interior, essa volta as raízes foi a coisa mais incrível que aconteceu pra esse disco do Frito e também pro terceiro álbum solo que gravo no fim do ano com Dustan. Boca, Bruno e Marco.

Veja o clipe de Ladies, Soldies and Fantasies, do Frito Sampler

Vi um pouco de você no Murilo Sá e a semelhança com Zé Pi é mais direta porque ele cresceu em Bragança também, apesar de ser mais novo. Como é perceber que você hoje é referência pra outros músicos que estão chegando?
Tatá Aeroplano – O Murilo é incrível, ele inclusive fez uns shows com o Cérebro e infelizmente não continuou conosco na época por conta de outros trabalhos que ele tinha. Eu adoro o álbum de estreia dele e admiro demais toda sua onda, é sempre muito bom fazer um som com ele. O mister Zé Pi conheço desde pequeno, somos da mesma cidade e somos vizinho, eu adoro o Zé, e fiquei muito feliz com seu disco, a convivência com o Zé vem de muito tempo, das jams sessions do Galpão Busca Vida e do Festival Pangeia Geral que a gente agitava no início dos anos 2000 em Braga e dos shows do Jumbo que tocou conosco. Eu não sei se sou uma referência musical pra eles, eu sinto que convivemos musicalmente e trocamos nossas influências e experiências musicais sempre, eu sempre fui e continuo um cara totalmente aberto a música e o que eu gosto mesmo é de escutar música e conhecer sons novos.

Que nomes da nova cena você mais gosta e indica?
Tatá Aeroplano – É muita gente legal rolando né? Tem o Murilo Sá e Zé Pi, adoro os Mustaches e os projetos solos de cada integrante, eles são demais, galera incrível, esse ano um irmão cósmico o querido amigo Michel Nath lançou seu trabalho musical Solarsoul, que vale muito a pena a galera correr atrás, tem o Eristhal Luz, o Gago Gnomo, que morou um tempo em Sampa e ficamos amigos, um cara muito legal e que produz muito intuitivamente também, passamos várias noites loucas na city juntos, no ano passado conheci melhor o trabalho do Luciano Piu, que reside em Bragança e faz parte de duas bandas Matéria Rã e Especulação Alienígena. Semana passada a Especulação esteve em sampa pra conhecer melhor as casas noturnas. Tem a banda Vitrola Sintética, que tem o Felipe Antunes que divide apartamento comigo e o Otavio Carvalho, que é produtor do Frito Sampler junto comigo, tem coisa pra dedéu.

Você havia dito que faria um disco de música eletrônica, mas o Aladins Bakunins tem umas ondas de folk e rock progressivo, foi de propósito? Me lembrou o Unplugged da Bjork, só que ao contrário, que é totalmente eletrônico…
Tatá Aeroplano – O Frito nasceu quando a gente entrou em estúdio pra gravar a trilha original do longa De Menor, dirigido pela Caru Alves de Souza, ali veio tudo, nessa fase do Frito tem a co-produção do Junior Boca também, depois eu ia lá incorporava o Frito e as músicas vinham, muita coisa foi composta e criada dessa maneira.

O disco de música eletrônica está a caminho, o que aconteceu agora foi que o violão tomou conta da minha vida e ainda não consegui largar dele, eu já nem tenho violão, mas basta pegar um que componho um monte de coisa, fiz um disco inteiro num violão do Helio Flanders que ficou em casa por um tempo, o mesmo violão que ele gravou o primeiro do Vanguart. Aliás, se não me engano, a última canção que o Frito fez pro disco foi nessa viola. Fiz boa parte do disco do Frito usando um violão da Julia Valiengo e quando vou pros shows empresto o violão do Felipe Antunes. Mas já fiz algumas bases eletrônicas pro disco que vai ser antítese de tudo isso. Tem a ver com o Unplugged da Bjork nesse sentido que você citou, acho que a loucura é similar.

SERVIÇO

Frito Sampler- Lançamento do álbum Aladins Bakunins
Onde: Auditório do Sesc Pinheiros (98 lugares)
Quando: Quarta (26 de agosto), às 20h30
Duração: 90 minutos
Classificação: Não recomendado para menores de 10 anos.
Ingressos: R$ 25,00 (inteira). R$ 12,50 (meia: estudante, servidor de escola pública, + 60 anos, aposentados e pessoas com deficiência). R$ 7,50 (credencial plena: trabalhador do comércio de bens, serviços e turismo matriculado no Sesc e dependentes). Ingressos à venda pelo Portal www.sescsp.org.br a partir de 18/8 (terça-feira), às 16h30, e nas bilheterias do SescSP a partir de 19/08 (quarta-feira), às 17h30. Venda limitada a quatro ingressos por pessoa. Não é permitida a entrada após o início do espetáculo.
SESC PINHEIROS
Endereço: Rua Paes Leme, 195.
Bilheteria: Terça a sábado das 10h às 21h. Domingos e feriados das 10h às 18h.
Tel.: 11 3095.9400.
Estacionamento com manobrista: Terça a sexta, das 7h às 22h; Sábado, domingo, feriado, das 10h às 19h. Taxas / veículos e motos: para atividades no Teatro Paulo Autran, preço único: R$ 6.


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Frito Sampler, alter ego do Tatá Aeroplano, lança "Aladins Bakunins" no Sesc Pinheiros