Filipe Ret fala sobre sua experiência como diretor criativo de “Tributo ao TTK”

“Caoticamente inspirador”: é assim que o rapper Filipe Ret define, em entrevista exclusiva para o Virgula, o bairro do Catete, no Rio de Janeiro, onde cresceu. A região, conhecida pela famosa gualin do TTK – um idioma próprio em que as sílabas das palavras são invertidas – é a inspiração do minidocumentário “Tributo ao TTK”, lançado pela Amazon Music na última terça-feira (24).

Com participação de grandes nomes do universo do hip hop brasileiro, como Marcelo D2, Sain, Akira Presidente e BK, a produção tem como objetivo mostrar como o rap cresceu e prosperou no bairro carioca. ” Foi uma experiência diferente [atuar como diretor criativo], mas fluiu tudo com muita naturalidade porque todos os artistas envolvidos no projeto são muito bem articulados. E a soma dessas pessoas todas, dando diversos pontos de vistas, enriquece muito o ‘Tributo ao TTK’. Inicialmente, parecia até que seria uma produlãomenor, mas depois que assisti, pensei ‘nossa, poderia ser uma coisa muito mais longa’”, revelou o rapper.

“O Catete representa muita coisa na minha carreira. O nosso convívio aqui na área me deu toda a minha perspectiva de vida, minha identidade. Aqui foi a primeira vez que me chamaram de Ret, na época em que eu era pichador. Tudo isso foi transformando a minha mentalidade…os bailes que a gente curtia, tanto os bailes de corredor  quanto os de favela. Os dois bailes tinham suas próprias músicas e essas músicas era muito localistas, firmavam o nome do bairro, da comunidade. Isso sempre permeou o meu imaginário, a nossa realidade. Quando eu ia para Botafogo, para Cruz Vermelha, eu já sabia que eu não estava na minha área”, continuou Filipe sobre a região em que nasceu e cresceu.

Além do documentário, Ret também lançou, na semana passada, o single que leva o mesmo nome da produção da Amazon. Sobre a música, Ret disse que não a vê como uma empreitada comercial. “Não acho que seja uma música comercial, pelo contrário, ela tem todos os elementos para não ser uma música comercial. Mas eu espero que ela movimente as pessoas a entender que nem tudo, ainda mais a arte, tem que ser comercial. Isso é uma opção, uma escolha, uma concepção”, explicou, continuando: “a concepção da música foi ser 100%, de ponta a ponta, um resgate…Desde a escolha do [clipe em] preto e branco, de não ter autotune, de falar tudo no TTK, de ser filmado aqui na área, no coração do Catete, da galera envolvida na filmagem, até a doação dos royalts. Fizemos para ser mesmo algo diferente, um marco”.

“Aqui na área TTK tem uma multiplicidade de culturas muito grande. Porque somos um bairro misto, essencial, comercial, com praia, favelas, é colado no centro”, disse o artista sobre o que diferencia o Catete dos outros bairros cariocas. “O ‘Tributo ao TTK’ foi muito bom porque a gente uniu a galera, sabe? Porque são várias galeras na área, e a gente conseguiu unir todas. Acho que esse foi o maior mérito do projeto como um todo”, revelou o rapper.

Por fim, ele ainda garantiu que não vê problema se, no futuro, decidir se mudar do local. No entanto, Ret ressalta que ainda há algo de especial em passear pelas ruas do bairro. “Eu não me privo de sair daqui, mas é legal estar aqui, ser reconhecido, ver as pessoas”, disse.


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Filipe Ret fala sobre sua experiência como diretor criativo de "Tributo ao TTK"

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