Arthur Joly e Paulo Beto (Anfil FX) são dois nomes centrais na eletrônica experimental de São Paulo. Neste sábado (02), eles estão entre as atrações do festival Circuito Eletrônico, que rola no Otto Bistrot, na Consolação. em São Paulo.

O Virgula Festivais os entrevistou, por e-mail, e eles comentaram sobre “cultura do módulo”, pop, se houve ou não exagero com os sintetizadores nos anos 80, entre outros assuntos. Em uma explicação rasa, os moduladores permitem sintetizar sons pela manipulação dos ciclos e formas das ondas sonoras. 

A primeira perguta foi respondida apenas por Joly, que ministra palestra, às 19h. Veja a programação completa no fim da entrevista.

O que você vai falar na palestra?

Arthur Joly – Eu vou demonstrar minha última produção, o e mais complexo sintetizador que já fiz, o Giant Lee. Vou fazendo os patches (configurações) e explicando o que cada módulo faz até culminar em uma música pronta.

O sintetizador ainda tem um papel a ser desenvolvido dentro do pop?

Arthur Joly – Sim, principalmente o sintetizador modular. Ele foi substituído no passado pelos sintetizadores mais práticos de se carregar e de se criar timbres. Foi deixado para trás um instrumento cheio de possibilidades e pouco explorado.

Hoje com a volta dos “moduleiros” o mundo vai se preparando para uma nova era na música eletrônica, a da criação extremamente autoral de sons eletrônicos. E isso, só os modulares podem proporcionar.

Paulo Beto – Sim, tanto como releitura como possibilidades inéditas.

O uso excessivo nos anos 80 gerou algumas coisas questionáveis, especialmente no rock, teme que isso possa acontecer?

Arthur Joly – Sim, dos sintetizadores de timbres prontos. o Jupiter 8, Juno, DX7, Linn Drum …. Reverb Lexicon. instrumentos maravilhosos que marcaram uma época. Mas, isso é uma fração muito pequena do que os sintetizadores podem fazer.

Paulo Beto – Legal, mas você está fazendo um julgamento de valor como se ele fosse um consenso. De fato, umas músicas, bandas e estilos vão mercadologicamente abafando outros de acordo com as tendências. No momento atual, os anos 80, com todas as suas maiores bizarrices, estão de volta com força total. Muitas bandas novas estão se inspirando nas bandas clássicas e nas obscuras que estão sendo relançadas ou descobertas.

Dentro do pop, que bandas considera mais relevante hoje?

Arthur Joly – Talvez Daft Punk em termos de público e capacidade de produção em alto nível. Outrora Chemical Brothers, também em termos de público e habilidade de produção.

A relevância de uma banda não pode ser medida pelo público, apesar de que isso é o que a maioria encara como sucesso. 

Paulo Beto – Essa é uma pergunta muito dificil de responder porque envolve gosto pessoal e mercado. As que vou citar certamente serão certamente obscuras, porque meu envolvimento é bem específico e de artista e pesquisador.

Vamos lá: The Emperor Machine, projeto de Andy Meechan, ex-Bizarre Inc. o grande gênio atual da utilização de sintetizadores analógicos na atual música pop.

Tem uma banda nova incrível chamada Soft Metals. Expoente do pop mais underground. Usam muito a estética 80’s.

Mas se for pra falar dos grandes figurōes do mercado, o Daft Punk e o LCD Sound System fazem todo seu marketing em cima dos sintetizadores analógicos e das tecnicas analogicas de gravação.

E na música experimental?

Arthur Joly – Milhares de exemplos. Eu sou fã do selo Warp. Mas isso só tem um cara que pode listar estes milhares de exemplos: o Paulo Beto do Anvil FX.

Paulo Beto – Merzbow, Ryoji Ikeda e Reed Gazhala.

Em que anda trabalhando atualmente?

Arthur Joly – Em construção de synths e gravando um disco a cada criação terminada. Agora é a vez de começar o disco The Giant Lee Sessions.

Paulo Beto – Agora, na mixagem da trilha do curta Caveirão, de Guilherme Marcondes, que mistura tecnicas de animação e filmagem. A música é uma fantasia baseada no choro Tenebroso, de Ernesto Nazareth.

SERVIÇO

FESTIVAL CIRCUITO ELETRÔNICO 2013, dia 02/11, sábado, no Otto Bistrot, rua Pedro Taques, 129 – Consolação. Entrada grátis.

11h – Performance Agnaldo Mori e Glauco Felix – Euroracks
12h – Demonstraçāo performance de Zeno Mainardi do sintetizador Serge
13:30h – intervalo para Almoço
14:30h – Desmonstraçāo Palestra de Vinicius Brazil – Aether Modular
16:00h – Demonstraçāo performance de Teles – Folkteks
17:00h – intervalo para café
17:30h – trechos do filme “I dream of wires”
18:00h – Palestra Performance de André Dessandes – ARP 2600
19:00h – Palestra Performance – Arthur Joly – Reco-Synths
20:00h – Demonstraçāo Performance com Pedro Zopelar (Korg Volcas) + Paulo Beto (Reco-Synths – AquaSpace) e Dino Vicente (Korg MonoPoly).


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Festival Circuito Eletrônico aposta na 'cultura do módulo' em São Paulo