Claudia Dorei


Créditos: Divulgação

Cantora e trompetista, Claudia Dorei ficou conhecida por ser uma das raras artistas brasileiras a se dedicar ao trip hop, gênero inglês viajante e esfumaçado que deriva do rap e do dub. A carioca, no entanto, nunca se restringiu a gêneros estanques e em seu segundo álbum, Inspire, ela avança nas tendências da música do gueto global ou da chamada world music 2.0, passando por samba, música jamaicana, jazz e cúmbia.
 

Inspire quebra um hiato de cinco anos desde seu elogiado debute. Com participações especiais, de Anelis Assumpção e MC Ras Ital e produção de Beto Villares (Céu, Pata Fu, Siba) e de Thiago Duar, talento da nova cena musical paulistana.

O disco virtual, cujo lançamento ofical será no dia 23/10, no Sesc Pompeia, pode ser baixado, gratuitamente, no Soundcloud. O vinil está à venda no site oficial (aqui) da cantora e também será comercializado no show estreia. Serão 500 cópias do vinil na cor vermelha e estará à venda por R$ 70. 

O Virgula Música trocou uma ideia com Claudia: 

Com seu disco de estreia, Respire, de 2009, você foi apontada como revelação da música brasileira, o que isso facilitou e o que dificultou no processo de dar sequência à carreira?

Acho que ser apontada como revelação só ajuda. Quem nunca me ouviu pode parar pra ouvir por conta da opinião de críticos e jornalistas. Com tanta musica sendo lançada, ter destaque no cenário é uma grande sorte.

O que mudou no seu trabalho nesse novo disco?

Acho que Inspire é um disco de muitos detalhes e camadas, onde me preocupei em trazer mais elementos orgânicos para os eletrônicos, como a percussão e o violão. Também consegui misturar estilos diversos, a exemplo da faixa Contato, que é essencialmente um baião com um baixo de reggae, e de Incerto Mar, um samba que fala com o jazz africano.

As parcerias com a Anelis Assumpção e o MC Ras Ital somaram lindamente. Poder ir além da antiga paixão pelo trip hop que é encontrado em Respire para chegar ao amplo leque de instrumentação e miscigenação sonora foi muito gratificante.

A produção se deu através da perfeita colaboração entre o Beto Villares, o jovem talentoso Thiago Duar e eu. Foram três anos de lapidação passando por três estúdios diferentes.

Quais foram as principais referências musicais pra este trabalho?

Diferente de Respire, que foi um disco com baixo, beatbox, guitarra, trompete e trombone eu queria que o Inspire tivesse mais elementos percussivos, que a gente não se limitasse ao que seria apresentado ao vivo. As referencias vieram naturalmente para compor este que é o meu trabalho autoral mais livre. Fiquei bem a vontade pra fazer o que cada musica pedia.

Começo falando da influência de James Blake, pois eu tinha acabado de ir ao show dele e fiquei muito empolgada com a simplicidade e profundidade de seu som. O Hypnotic Brass Ensemble foi uma referência importante na criação das linhas de metais. Posso lembrar também que o Lemon Jelly tem uma musica linda que me inspirou na hora de arranjar Sem Fim. Outras fontes legais nesse processo foram Blundetto, Hindi Zahra, e até mesmo Stromae.

E as filosóficas/existenciais?

Gosto muito de ler textos budistas e indianos. Adoro Osho, mas também Deleuze e Nietzsche. Filosofia é um assunto que muito me interessa. Creio que a última música do disco, Sem Fim, é a mais filosófica de todas. A inspiração pra letra dela veio da Montanha Magica de Thomas Mann, que apesar de ser um livro de literatura, passeia bem pela filosofia.

Que nomes curte e indica da nova cena musical do Brasil e do mundo. Vê algum ponto de aproximação entre o seu trabalho e desta galera?

Adoro Tune Yards, Chet Faker, Stromae, Lucas Santana, Otto, adorei a Banda do Mar, Karina Buhr, Nação Zumbi, Fat Freddy’s Drop, Hindi Zahra, Bajka… Daria pra eu escrever ate amanhã! (risos). Vejo um ponto básico de aproximação que é a vontade de fazer música nova em tempos como esses.


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Em novo disco, Claudia Dorei vai além do trip hop e dialoga com world music 2.0