O Titãs está completando 25 anos de banda com uma turnê especial ao lado dos Paralamas do Sucesso. Nessas quase três décadas de estrada, o grupo paulista já deixou seu nome na história do rock nacional com um dos melhores discos do gênero, Cabeça Dinossauro.

Lançado em 1986, o álbum veio para afirmar o Titãs no cenário nacional e romper barreiras com faixas que trazem letras agressivas, diretas e sem a menor preocupação com a censura. A primeira impressão sobre o disco é que se trata de um álbum de música punk, pela temática. Mas os caras foram além. A começar pela embalagem do disco: uma capa dupla para um vinil. As ilustrações da capa e contracapa são de Leonardo Da Vinci e o encarte traz uma bela sequência de fotos dos integrantes da banda.

Apesar da atitude “punk”, o disco mostra que o grupo paulista transitava bem em outras sonoridades como o reggae e até o funk. Basta ouvir músicas como Família, O Que, Xingu, Estado Violência e Bichos Escrotos pra perceber que o Titãs estava indo além do puro e simples rock e com um parceiro de peso: o renomado produtor Liminha.

Nas letras e títulos, o Titãs deixava claro que o disco era uma provocação. Vários temas ‘sérios’ e evitados por muitos foram abordados no disco. Polícia (de Tony Belotto) bateu de frente com os excessos da classe, questionando se ela servia mesmo para proteger. Outros exemplos de músicas com letras contestadoras são Igreja, Porrada, Estado Violência, Aa Uu, Dívidas e Homem Primata.

Mas o grande sucesso do disco era Bichos escrotos, canção que o Titãs tocava desde 1982 e que só pôde ser gravada neste disco devido à censura. Mesmo assim, a faixa foi proibida nas rádios por conta do verso “vão se foder”. Mesmo assim, algumas tocaram e pagaram multas ao tocar a versão completa de Bichos.

O Titãs sentiu a força do LP já no show de estréia no Projeto SP, quando o público cantou todas as músicas, numa época em que as rádios ainda se recusavam a tocar o repertório ousado do disco. O álbum já tinha garantido o primeiro disco de ouro dos Titãs, quando as emissoras se renderam.

Uma confusão no show do Rio, em 1987, onde o público, eufórico com as letras acabou destruindo parte das cadeiras da platéia do Teatro Carlos Gomes, colocou o Titãs na linha de bandas contestadoras, com ar de rebelde, dando o gás que a banda precisava para seguir no rock depois de dois discos mais “travados”. Entre a banda, a opinião é unânime: com Cabeça… o Titãs conseguiu fazer o que sempre quis, e levar para o disco o clima que eles apresentavam no palco, mais pesado e livre de regras.

Cabeça Dinossauro bateu a marca das 300 mil cópias vendidas e caiu nas graças da crítica. O disco ficou no topo das principais listas dos melhores daquele ano e até hoje é apontado com um dos mais importantes da história do rock brasileiro, daqueles que não dão paz aos tímpanos e neurônios.

Titãs – Cabeça Dinossauro
Ano: 1986
Gravadora: Warner
Produção: Liminha. Vitor Farias e Pena Schmdt
Integrantes: Charles Gavin, Nando Reis, Marcelo Fromer, Toni Bellotto, Sérgio Brito, Paulo Miklos, Branco Mello e Arnaldo Antunes.
Faixas: 1. “Cabeça Dinossauro” / 2. “AA UU” / 3. “Igreja” / 4. “Polícia” / 5. “Estado Violência” / 6. “A Face do Destruidor” / 7. “Porrada” / 8. “Tô Cansado” / 9. Bichos Escrotos” / 10. “Família” / 11. “Homem Primata” / 12. Dívidas” / 13. “O Que”.


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Discos que ficaram na história... Cabeça Dinossauro, a virada dos Titãs