Quem não se lembra das hilárias apresentações do grupo Mamonas Assassinas, que se apresentava com roupas espalhafatosas – ou apenas de cueca – e fazia a platéia rir com o deboche de músicas como Pelados em Santos, Robocop Gay, Vira-Vira, Sabão Crá-Crá e Brasília Amarela? Os fãs saudosos pelas apresentações do grupo, cujos integrantes morreram em um acidente de avião em 1996, podem voltar a ver Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec, Samuel e Sérgio Reoli no documentário Mamonas, o doc, dirigido por Cláudio Kahns e que chega aos cinemas agora em abril.

Em entrevista ao Virgula, Kahns fala da espontaneidade e do talento dos Mamonas, da dificuldade em conseguir driblar os direitos de imagem das apresentações do grupo e quais os momentos mais marcantes do filme para os fãs.

VIRGULA – Como surgiu a idéia de fazer um documentário sobre os Mamonas?
CLÁUDIO KAHNS – Surgiu por acaso. Quando estava junto com o Mauricio Eça, responsável pelo filme de ficção sobre os Mamonas, resolvi gravar as entrevistas com os amigos, familiares, empresários e fãs da banda. Quando reuni todo esse material, percebi que rendia um filme.

VIRGULA – E como foi o processo de filmagem do documentário?
CLÁUDIO KAHNS – Durou quase três anos. Para você ter uma idéia, demorei quase um ano para conseguir autorizações para utilizar imagens que hoje são propriedade de emissoras. A questão do direito de imagens atrapalhou muito o processo de composição do documentário, já que tive que abrir mão de imagens ótimas, como um material de uma apresentação que os Mamonas fizeram no Jô e que não foi liberado.

VIRGULA – Como você conta a história dos Mamonas no documentário?
CLÁUDIO KAHNS – Uso muito material de arquivo, reconstituindo a trajetória da banda por meio de gravações que eles fizeram para rádio, TV e trechos de shows, além de entrevistas com familiares, fãs, amigos e empresários. Outro material que usamos muito foram as gravações que os integrantes faziam deles mesmos. Eles adoravam se filmar, gravar as brincadeiras entre eles e as apresentações do grupo.

VIRGULA – Como você decidiu tratar o período que se seguiu à morte dos músicos?
CLÁUDIO KAHNS – Nunca tive o menor interesse em falar da cobertura sensacionalista e do que se seguiu à morte deles, então resolvi deixar isso de lado. O objetivo do documentário é contar a história dos Mamonas de uma maneira alto astral, mostrar um pouco como era esse pessoal de Guarulhos que começou como uma banda que ninguém conhecia e que depois, por meio desse bom humor e desse escracho, conquistou o Brasil.

VIRGULA – Como eram os Mamonas fora do palco?
CLÁUDIO KAHNS – Eles eram descontraídos, divertidos, espontâneos, além de bons músicos. Eles começaram como a banda Utopia, que tocava rock. E depois se transformaram em Mamonas. O importante dos Mamonas é que eles não eram um RBD da vida, não foram fabricados por produtores ou empresários. E foi por isso que deram tão certo e fizeram tanto sucesso.

VIRGULA – O que os fãs vão gostar de ver no documentário?
CLÁUDIO KAHNS – Eles vão gostar muito de ver a história deles, a trajetória dos Mamonas, cheia de momentos engraçados e emocionantes. Uma das seqüências mostra o grupo no Tomeuzão, um famoso ginásio de Guarulhos. O Dinho e a banda disseram, enquanto ainda eram o Utopia, que queriam muito se apresentar lá. Eles queriam abrir o show do Guilherme Arantes, mas a prefeitura vetou. O Dinho afirmou que eles voltariam. E voltaram.


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