Seu Jorge e meu cabelo

20 de novembro.

Acordo e vou dar um tapa na peruca. Minha mãe estava quase me deserdando. No salão descubro que era o Dia da Consciência Negra; “e a gente trabalhando que nem escravo”, palavras da cabeleireira.

Nove horas depois…

Via Funchal. São Paulo. Show do obrigatório Seu Jorge.

Esse cara que teve irmão morto em chacina. Morou na rua. Comeu o pão que o diabo amassou. Atuou em Cidade de Deus. Gravou músicas do David Bowie em português para um filme americano no qual atuou como pescador brasileiro que toca violão. Etc. Etc. Etc…

O ex-vocal do Farofa Carioca atravessa a pista no meio da platéia, seguido de seus músicos e se emociona ao falar da importância daquele dia.

Enquanto o show não começa um cara, que mais tarde ficaria conhecido como Gordinho, sobe no palco e bate palma. O segurança, do meu lado fala que vai expulsá-lo. Resposta: Hoje é Dia da Consciência Negra.

Abre-se a cortina e tudo se mistura. Samba Esporte Fino. Cru. Moro no Brasil. Gordinho cantando. Wanessa Camargo cantando e muito samba rock. Música para mulheres siliconadas. Um rock que ele cantou e tocou bateria. Muito rebolado. Solos de percurssão. Luz acesa na platéia pra mostrar muita gente de boca aberta e samba no pé-pé-pé.

O ponto alto da noite foi Carolina quando duas meninas subiram ao palco e para desespero dos seguranças e delírio do resto do mundo, pelo menos mais quarenta e sete pessoas foram atrás “fazendo um cenário lindo”, como bem definiu o condutor da festa.

Um obrigado sincero e a promessa de levar aquela imagem para casa. O cara estava tão feliz que acabou dizendo que mora em Pinheiros, bairro paulistano, e a rua, que só sabe quem estava lá.

Escorreu tudo muito bem. No Bis, teve Tenha Fé, música que Paula Lima gravou em seu CD de estréia.

A voz de Seu Jorge continua a mesma, mas os meus cabelos…


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Diário de um fã