“Posso acabar de dois jeitos: continuando a sair da balada, tropeçando nos meus saltões às quatro da manhã, ou ficando grávida e passando o dia todo em casa descalça”.

É assim que a cantora Florence Welch, que assina como Florence and The Machine, define seu provável futuro no mundo da música pop. Queridinha da crítica especializada, a inglesa estreou em 2009 com o elogiado álbum Lungs – e em 2011 se prepara para invadir o mainstream e se tornar sensação nos EUA.

Faz sentido que Florence defina seu futuro pensando em extremos. A cantora de 24 anos é famosa por não conhecer meio termo: ou ela está berrando no palco a plenos pulmões (seu álbum de estreia não se chama Lungs por acaso) e interpretando cada música como se sua vida dependesse disso, ou está contando histórias de quando ficou dias chorando isolada em seu quarto após uma desilusão amorosa.

Tudo em Florence é um exagero. Seu cabelo vermelho berrante, suas roupas com cara de fantasias medievais e seus saltos gigantescos. Mas nada chega perto de sua voz. Por vezes estridente, alta demais ou até um pouco desafinada, uma coisa é certa: Florence adotou como religião um vocal intenso que, para ela, é a tradução mais direta para sentimentos igualmente urgentes.

Mesmo que todo esse exagero às vezes lembre um pouco os vocais afetados e cheios de malabarismos vazios dos vencedores do American Idol, Florence é mesmo uma ótima cantora capaz de criar melodias poderosas e instrumentais impressionantes. Seu álbum de estreia, Lungs, consegue equilibrar potenciais hits com melodias agradáveis – é difícil ficar indiferente a boas canções como The Drumming Song, Dog Days Are Over, Cosmic Love e Howl.

DO INDIE PARA O MAINSTREAM

A cantora, que começou sua carreira se apresentando em pequenos bares na Inglaterra, ganhou os holofotes com o primeiro single do Florence and The Machine, Kiss With a Fist.

A canção causou polêmica ao afirmar que “um beijo com um soco é melhor do que nada”, e pouco depois de seu lançamento a música chegou com facilidade ao topo das paradas do Reino Unido.

O primeiro álbum da cantora também ficou conhecido após o lançamento de You Got The Love, cover da canção original do The Source com participação da cantora Candi Staton. A versão de Florence ganhou posteriormente um badalado remix da banda indie XX.

Antes queridinha dos alternativos, Florence agora está com a cabeça em outro lugar. Depois de se apresentar no Grammy Awards e na cerimônia do Oscar, a cantora está seguindo o mesmo caminho já traçado pelo Arcade Fire: dominar as paradas dos EUA e entrar de vez para o mainstream.


int(1)

Depois de cantar no Oscar e no Grammy, musa indie Florence Welch sai do gueto