Eles fazem música brasileira em Londres, mas não gostam de ser atrelados ao som tipicamente tupiniquim. Eliete Mejorado e Bruno Verner, ou Tetine, voltaram ao Brasil no início deste mês para divulgar o disco mais recente, Let Your X’s Be Y’s, que foi lançado pelo selo inglês Soul Jazz, um dos principais atestadores de qualidade do mercado de música da Europa. Vão ficar por aqui por um mês, tempo durante o qual aproveitam pra rever família, amigos e descansar.

Sobre o Tetine, um resumo rápido da ópera. Eles começaram a carreira em meados dos anos 90, unindo performance (Eliete é atriz formada) e música. Fizeram discos conceituais, criaram instalações para museus e se firmaram no mundo das artes no Brasil. No começo dos anos 2000, se mandaram de mala e cuia para a Inglaterra. Por lá, se concentraram mais na música, criaram um programa de rádio que é popular entre o povo mais antenado (o Slum Dunk), fizeram muito electro e se tornaram os grandes divulgadores do funk carioca na Europa. Com a palavra, a tetine Eliete Mejorado.

Virgula – Com tantas influências diferentes, como definir o som de vocês?
Eliete Mejorado – Acho que a gente faz tropical punk. Ou seja, a gente é tropical, tem toda essa pegada brasileira, mas a gente é um tropical errado, torto, não é só o coqueiro, o mar. Tem uns defeitinhos nessa brasilidade nossa.

Virgula – Como é voltar pro Brasil e tocar aqui?
Eliete Mejorado – Eu adoro tocar aqui, a platéia é super quente. O público daqui está bem contemporâneo, super por dentro do que tá rolando lá fora. Só acho que o pessoal de São Paulo baba muito ovo para o que (semanário inglês) NME diz, segue bem aquela cartilha. É uma sensação que eu tenho. Na Inglaterra, essa revista é um lixão, não é o que é real. Só tem uma coisa que incomoda quando a gente vem tocar no Brasil, é a burocracia, a coisa da gente precisar ter carteirinha da Ordem dos Músicos. Nenhum lugar do mundo pede isso, só aqui.

Virgula – Como os londrinos enxergam a arte feita no Brasil?
Eliete Mejorado – Eles ainda estão muito focados nas coisas que foram feitas aqui nos anos 60 e 70, tipo Mutantes, Glauber Rocha… Mas isso tá começando a mudar, já tem muita gente sabendo que há coisas legais sendo feitas no Brasil hoje.

Virgula – Mas, ser brasileiro em Londres, ajuda ou atrapalha a bombar o Tetine?
Eliete Mejorado – Ajuda e atrapalha ao mesmo tempo. Sempre seremos brasileiros, nunca seremos uma banda de Londres. Mas, às vezes, atrapalha porque nos chamam pra fazer coisas tipicamente brasileiras e não fazemos isso. É como eu falei, nosso som é tropical… mas é punk.

Veja o clipe de Entertainment N 249, do Tetine


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Conheça o som tropical punk da dupla Tetine