A banda curitibana Faichecleres tem muita história pra contar. Os caras estão na estrada desde 1998 e já passaram por diversas modificações na formação do grupo.

Levando ao pé da letra, o jargão “Sexo, Drogas e Rock’n’Roll!”, os caras resgatam em suas músicas o melhor do gênero dos anos 50 e 60, passando por alguns momentos dos 70.

A banda já participou de diversos programas da MTV, já tocou em vários festivais e casas noturnas e excursionou Brasil afora levando para os fãs e curiosos seu visual anos 60 e músicas sobre mulheres, sacanagem e até algumas reflexivas.

Diante de tamanha repercussão, o Virgula Música foi atrás do baterista, Tuba Caruso, para contar a história de quase uma década de banda. Confira o Raio-X do Faichecleres!

Início

Tudo começou no Rio Grande do Sul. Carlos Eduardo, o Tuba, e seu primo Giovanni Caruso conheceram o Júpiter Maçã, quando ele foi passar o verão com eles, e as experiências que se seguiram desse encontro, aliadas ao amor pela música, os levou a querer montar uma banda.

“Foi bem na época em que assistimos àquele filme Backbeat: Os cinco rapazes de Liverpool [1994]”, disse Tuba, em entrevista ao Virgula. “A gente era bem guri, e ficamos loucos! Então, montamos uma banda onde a gente só tocava o rock’n’roll dos anos 50 e o repertório inteiro dos Backbeat”.

Começaram a colocar jaquetas de couro e calças de brim e levantar topetes e começaram a tocar. Não demorou muito e a paixão arrebatadora pelos Beatles surgiu e consolidou ainda mais certeza que estava latente em suas almas.

“Eu pensei: Pronto! É isso que eu quero pra minha vida, quero ser músico, quero tocar, quero ter uma banda”.

Tomada a decisão de levar a sério esse sonho, Tuba se mudou para Curitiba e ligou para seu primo Giovanni, que era baixista, para ir também.

“Eu liguei para ele e disse: Larga tudo que tu tem aí e vem para cá, vamos fazer a banda. Aqui vai dar certo”, lembra o baterista.

Juntaram-se a eles dois guitarristas, Rodrigo e Charles, mas o primeiro não durou muito. Devido a incompatibilidade de idéias, Rodrigo saiu e foi quando o atual guitarrista, Marcos Gonzatto, entrou para a banda.

“Charles disse que tinha um guitarrista, que inclusive foi o cara que o ensinou a tocar. Esse cara era o Marcos”. Assim surgiu a primeira fomação do Faichecleres, trocando as jaquetas de couro por ternos de brechó.

Não demorou muito e músicas como “Bajulações Modéstia à Parte”, “Ela Só Quer Me ter” e “Metida Demais” começaram a surgir naturalmente.

As coisas seguiam bem, tocavam em vários bares de Curitiba, gravaram demo, participaram de festivais, mas houve um acidente que marcou a segunda grande mudança na banda. Charles sofre um acidente de carro e fica cinco meses e meio em coma.

“Nesse momento, paramos para pensar o que faríamos, se iríamos parar ou continuar. O foda é que eu, o Charles e o Giovanni éramos inseparáveis, foi uma perda sentimental forte. Tínhamos cinco shows para fazer no mês, então resolvemos continuar”. Assim o quarteto virou o trio, que perduraria até o final de 2006.

Transição

Após gravarem o primeiro CD Indecente, Imoral e Sem Vegonha, a banda começou a rodar o país divulgando o trabalho de estréia.

“A gente viajou o Brasil inteiro, dentro de um gol 1000, com todos os instrumentos por cima do carro: baixo, guitarra, pratos, malas”, conta Tuba.

Nessas andanças, a banda veio parar em São Paulo, novamente, e “percebemos que nosso lugar era aqui, porque os veículos de comunicação mais importantes estão aqui, logo se você está aqui, automaticamente está no Brasil inteiro”.

Tour MTV Banda Antes na Estrada

A turnê pelo nordeste com as bandas independentes, que passou em 2006 na MTV, surgiu de um projeto de Bruno Montavão.

“Estávamos com uma produtora e propomos a ele fazermos isso juntos. Ele topou e a gente fez todo o planejamento, marcamos todos os shows, televisão mídia, e pedimos patrocínio da companhia Itapemerim, para ceder um ônibus para a gente”, conta.

“Depois de pronto, chegamos à MTV e mostramos o projeto todo estruturado. Eles adoraram e disseram que se outras bandas tivessem essa iniciativa seria muito mais fácil”.

Uma vez a idéia acatada, a emissora disponibilizou dois diretores para seguirem com as ‘Metida Demais’, melhor clipe de banda independente no VMB”.

Baixistas

Após lançarem o segundo disco, os Faichecleres foram convidados para participarem do Rally MTV. Seria a grande guinada na carreira da banda, mas Giovanni recusou e decidiu que não era o que queria para a vida dele.

“Disseram para a gente que íamos viajar a América do Sul inteira, se rolasse, ia passar na MTV dos Estados Unidos, a gente ia ganhar a gravação do disco. Porra! Nossos olhos brilharam”, diz Tuba com os olhos cintilando.

Após a saída de Giovanni, no final de 2006, dois outros baixistas passaram pelo Faichecleres: Ricardo Junior, do Beatles Forever, que já tocou no acústico Ultrage a Rigor, e Cauê Reali, amigo da banda de Porto Alegre, que saiu recentemente, também por causa da esposa.

O último show de Cauê foi no Inferno, dia 12, quando a banda fez todo mundo dançar e cantar as letras de músicas, como “Aninha Sem Tesão” e “Metida Demais”, num show que passava a impressão de que a banda ia “de vento em polpa”.

“Essas experiências com vários baixistas estão filtrando o som do Faichecleres. Antes, com o vocal do Giovanni, era uma coisa mais gritada. Já com o vocal do Cauê era uma coisa mais melodiosa, acho que com o próximo baixista a gente vai chegar na pureza do som”, comenta otimista.

Influências

Além de Beatles e Kinks, o Faichecleres é uma mistura das diversas vertentes de cada integrante.

“Anos 50, 60 praticamente quase tudo dos anos 70: Led Zeppelin, Black Sabbath. O primeiro CD foi mais anos 50, o segundo foi mais anos 60, e o terceiro imagino que será mais anos 70, mas sempre mesclando todos os anos”.

Em âmbito nacional a banda curte bastante Roberto Carlos e Jovem Guarda.

Excêntricos

Em relação à forma de se vestir, a banda, principalmente o baterista, não tem restrições quanto a abusar de bolinhas e listras.

“A gente começou a se vestir assim, porque a gente curtia. Eu comecei a cortar o cabelo para baixo, depois os guris começaram a cortar também. E aí acabou virando roupa do dia-a-dia”, diz Tuba.

“Tem aquela coisa também do padrão da moda que não pode misturar listras verticais com horizontais e bolinhas. Eu vou contra tudo isso”, acrescenta.

Apesar do visual retrô, Tuba não gosta de classificar a banda com o rótulo MOD.

“Esse negócio de mod, até acho legal, mas a gente não se considera uma banda mod. A gente se considera uma banda de rock. Até porque, vou poetizar agora, o rock é um grande oceano com seus rios e afluentes. Então não tem porque ficar só em um rio, se você pode navegar por outros caminhos”.

Onde ouvir

A banda já tocou em diversos festivais, SESCs, o Sesi, na Av. Paulista. Fora isso, tocaram em quase todas as casas de shows de São Paulo, como Inferno, o Outs, Funhouse, CB Bar…

“Uma vez a gente tocou no Parque Dom Pedro, pois ganhamos o prêmio de melhor Banda Independente de 2002, da revista Dinamite, e tocamos no palco deles”, conta. “Já tocamos também na frente da Galeria do Rock. Os faichecleres adoram fazer shows para o povão, show e graça, no centro…sempre gostamos”.

Músicas

A banda possui dois CDs, que foram gravados de forma independente. O Indecente, Imoral e Sem Vergonha (2005), que tem uma versão em vinil, e o Calçada da Fama (2007), que foi gravado às pressas para fazer parte da revista Outracoisa de janeiro do mesmo ano.

O segundo disco está à venda em algumas bancas, mas o primeiro já esgotou todas as 2000 cópias. Os trabalhos da banda costumam ser vendidos em shows e o Calçada da Fama está á venda em lojas da Galeria do Rock.

As letras das músicas, que falam principalmente sobre mulheres e amor cafajeste “são inspiradas em experiências nossas e dos nossos amigos”, conta Tuba.

“Por exemplo, no Indecente… a gente estava mais novo, então falava bem daquela coisa, de cafajestagem, de putaria, suruba, sexo, drogas e rock’n’roll. No segundo, as letras questionam mais, por exemplo “Embriagado”, que tem aquela frase ‘sem saber se isso faz bem ou mal para mim’. São questões mais existencialistas”.

Nome

“Nas conversas entre eu e o Giovanni por telefone, quando ele ainda estava em Rio Grande e eu já estava em Curitiba, surgiu a palavra feicho ecler, que é derivada do francês fermeture éclair. Aí nós mudamos algumas letras e ficou Faichecleres. Costumamos dizer que esse nome saiu do DKZ verde musgo…(?)”, revela.

Plano Futuros

“O que queremos em primeiro lugar é compor o disco e encontrar o baixista definitivo do Faichecleres.

Depois fazer a pré-produção e tentar conseguir uma gravadora para lançar o álbum por ela. Mas se não, vamos lançar por nós mesmos”, disse Tuba.

“E continuar tocando, gravar clipe e fazer shows e mais shows. Nós queremos tocar até ficarmos velhinhos, é o que gostamos de fazer”.


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Confira o Raio-X da banda Faichecleres

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