Através de sua lente, o fotógrafo Maximiliano Vernazza repassa em imagens os 17 anos nos quais retratou o roqueiro argentino Charly García em uma exposição em Buenos Aires que traz um olhar pessoal de um dos ícones da música latino-americana.

São 39 fotografias de diferentes tamanhos, que criam uma mostra viva que teve como ponto de partida um trabalho para a revista Gente, onde Vernazza trabalha.

“Meu primeiro contato com Charly foi em 1996, através de uma nota para a revista”, explicou o fotógrafo argentino em entrevista à Agência Efe em que contou que o roqueiro já se tornou parte de sua família.

Desde esse primeiro encontro surgiu um interesse mútuo. “No meu caso começou a interessar como trabalho pessoal, e às vezes ele me chamava quando tinha alguma ideia”, explicou Vernazza, que com o tempo se tornou o fotógrafo oficial de García.

“Ficamos amigos e ele gostou do meu trabalho”, comentou.

De todos os momentos captados através de sua câmera, surgiu há três anos a exposição “El Charly Que Yo Conozco” (“O Charly que eu conheço”), que reuniu 26 imagens do artista argentino e que pode ser vista no Centro Cultural Recoleta de Buenos Aires e percorreu durante meses várias províncias do país.

A atual coleção, intitulada simplesmente “Charly”, se diferencia da anterior na “plenitude” das imagens e inclui novos registros do músico se apresentando no Grande Rex e no Teatro Colón, na capital argentina.

“São fotos de 60×90, que vão desde 1997 até dezembro de 2013”, relatou Vernazza, que garantiu não ter “nem ideia” do número exato de imagens de Charly que acumulou ao longo destes anos. “Talvez milhares”.

De todas elas, sente especial predileção por duas: “A que capta os detalhes de sua mão pintada e entre os dedos um cigarro, e outra feita durante uma prova de som no Colón em que Charly está de costas e se vê no fundo o teatro vazio”.

Através de sua lente o fotógrafo pôde ver a evolução, musical e pessoal, do roqueiro argentino, a quem define como uma pessoa “muito especial”.

“Charly é uma pessoa muito especial, sua forma de viver é muito especial. Mudou, agora sabe em que dia e em que hora vive, antes não tinha nem ideia disso. Não tinha noção, nem precisava”, revelou Vernazza.

Segundo o fotógrafo, a fragilidade de sua saúde foi fundamental para que o cantor tenha ‘se acalmado’ e tomado contato com a realidade, “mas com a do mundo, não com a dele, porque ele vive em outra realidade”.

“Após a internação, em que passou por uma situação muito grave, está um pouco mais normal. Nesta nova etapa vê muita televisão e isso o conecta mais com o mundo. Está mais tranquilo, mais cuidadoso e mais velho, porque ninguém pode estar como esteve a vida toda”, detalhou.

“Também é certo que para poder fazer o que fazem eles (os grandes artistas) têm que ter um grau de loucura. Eu não poderia. Por isso acho que Charly só existe um. Eu o comparo muito com Maradona”, opinou.

Com todas as imagens que compõem a exposição “Charly” o fotógrafo planeja editar um livro: “Está proposto, tomara que consiga”.

Sua relação com o roqueiro – eles se veem três ou quatro vezes por ano – continua. “Este ano não o vi ainda, mas estou em contato, e, se fizer fotos, verei se podem ser incorporadas à exposição”, concluiu Vernazza.


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"Charly", um olhar pessoal sobre o roqueiro argentino através das câmeras