Depois de três discos —que mais pareciam continuações de seus antecessores—, Viva la Vida or Death And All His Friends chega para quebrar com a monotonia. E, pelo visto, essa foi umas das intenções da banda para com o novo álbum.

“Esse disco foi impulsionado por um desejo de sair do preto e branco para o colorido”, declarou o líder do Coldplay, Chris Martin. “Ou, se preferir, deixamos nosso jardim crescer um pouco mais livre. Tiramos a coleira do cão de caça”, completa.

O resultado disso é um disco repleto de elementos estranhos aos outros trabalhos, como na música “Lost”, em que batidas suingadas encontram grandes swels de órgãos de igreja; ou em “Yes”, em que o espaço entre o verso e refrão é preenchido por propulsivos sons de cordas e tablas de estilo norte-africano; ou “Cemeteries of London”, cuja história de escuridão e desepero descrita na letra é acompanhada por palmas de flamenco; ou ainda em “Viva la Vida”, em que ritmos 4×4 misturam-se com cordas em uma ode às glórias perdidas.

Antes de começar a compor Viva la Vida…, o quarteto foi buscar inspiração em bandas contemporâneas à Coldplay. “O ponto de partida para esse disco foi escutar uma incrível música antiga do Blur chamada ‘Sing (To Me)’ enquanto estávamos na estrada com X&Y”, conta Chris.

“Duas coisas me movem”, continua Martin. “Uma é tentar dar sentido à existência. A outra é quando ouço alguma coisa brilhante e tento compor algo tão bom quanto ela. Com esse disco, nos inspiramos em muitas músicas incríveis. Ouvíamos Rammstein e Tinariwen e o resultado era algo como a parte central de ‘42’. Para outra faixa, escutávamos Marvin Gaye e Radiohead. Ou Jay-Z e Golden Gate Trio. Ou My Bloody Valentine e Gershwin. Ou Delakota e Blonde Redhead. Não havia limites.”

Em relação à composição das letras, Martin conta que não teve intenção de levá-las para nenhuma direção específica, mas elas tomaram seu próprio rumo. “Não havia planos para as letras, elas simplesmente acabaram surgindo. Há sempre amor, alegria e empolgação em nossa música”.

Quanto à produção do disco, os responsáveis foram Brain Eno e Markus Dravs, decisivos no processo de criação. “Eles são personagens muito diferentes”, conta o baixista Guy Berryman, “e realmente souberam equilibrar um ao outro”.

Enquanto Dravs se mostrava um “chefe” mais severo: “ele nos fez trabalhar como cães. Ele realmente nos levou ao limite como músicos, para nos colocar no ponto em que gravaríamos boa parte do disco ao vivo”, diz o guitarrista Jonny Buckland; Eno oferecia segurança e orientação, fundamentais para o desenvolvimento do som: “Ele nos forçou a mudar tudo sobre nossa forma usual de trabalhar e depois ver aonde isso nos levaria. Brian tem uma incrível habilidade de desmistificar boa música e torná-la muito alcançável. Não tivemos medo de tentar nada”, diz o baterista Will Champion.

Com Viva La Vida or Death And All His Friends, o Coldplay deu um significativo passo rumo à evolução sonora da banda, sem perder sua identidade e seu caráter de entretenimento.

“Não há dúvidas de que saímos desse processo uma banda melhor; quando tocamos ao vivo, pegamos fogo. Mas, no fim das contas, mesmo tentando ser racional, o álbum está aí para entreter as pessoas —para oferecer 42 minutos de diversão, com dez grandes músicas que serão cada uma a predileta de alguém. Realmente espero que a gente tenha atingido isso.”

Viva La Vida or Death And All His Friends – Coldplay
Ano: 2008
Gravadora: EMI

1) Life in Technicolor
2) Cementeries of London
3) Lost
4) 42
5) Lovers in JapanReign of Love
6) Yes
7) Viva La Vida
8) Violet Hill
9) Strawberry Swing
10) Death And All His Friends

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''Não tivemos medo de tentar nada'', diz baterista do Coldplay sobre novo CD

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