Da internet para o mainstream. O Moptop é mais uma banda que soube usar bem a internet para ganhar espaço: primeiro disponibilizou músicas em seu site oficial, conquistou fãs, no terceiro show recebeu proposta de um empresário de LA para gravar um disco e no primeiro mês de banda, já vendia CDs para os EUA e Londres.

Somam-se a isso os prêmios pelo site no VMB 2005 e no internacional SXSW, pelo EP Moonrock no London Burning e a abertura do show do Oasis em São Paulo, data inesquecível para o grupo. “Não sei nem como chegamos lá”, comenta o vocalista do Moptop Gabriel, que não escondeu a surpresa ao ver um dos ídolos, Noel Gallagher, usando a camisa de sua banda. Depois deste longo percurso, é difícil acreditar que só agora o grupo lança seu primeiro disco por uma grande gravadora.

A internet parece ser mesmo a chave do negócio para as bandas de hoje. “Eu sou ‘digital’. Conhecemos bandas novas na internet e elas vão parar no meu iPod, no MP3. Não poderia ser diferente com a gente”, conta o vocalista do Moptop Gabriel Marques em entrevista ao Virgula-Música. O desafio agora é fazer os ‘consumidores digitais’ irem às lojas comprar o primeiro CD do grupo, intitulado apenas Moptop.

Para a escolha das 12 faixas do álbum (nove do demo, uma antiga e não muito conhecida e duas inéditas) a banda utilizou o seguinte critério: de todas as canções, quais seriam as 12 que eles colocariam no set list do show.

Com músicas já conhecidas do público – entre elas o O Rock Acabou – a responsabilidade do Moptop não foi menor do que a de bandas que lançam discos de inéditas. “A gente sabia que mesmo com o disco teriam fãs dizendo que a demo era melhor. A gravadora nos deu liberdade artística e acima de tudo, só queríamos fazer um bom disco”, conta Gabriel, que assina todas as composições.

Chico Neves, o produtor, foi decisivo para o grupo

Durante um mês o quarteto teve como segunda casa o estúdio do produtor Chico Neves (que já trabalhou com Skank), que funciona num apartamento. O fato de o estúdio ser menor deixou a banda mais confortável para a gravação.

“Ele tem uma maneira de trabalhar como a nossa e não é um cara contaminado” comenta Gabriel sobre as eventuais imposições das gravadoras às bandas. No caso do Moptop, Chico disse ao grupo que o material estava pronto, e para a gravação do disco deram apenas uns retoques.

“Gostamos muito do produto final. Ficou exatamente como estava na nossa cabeça. Tem a espontaneidade da demo e é despretensioso”, finaliza Gabriel.

Comparações

Comparações acontecem com todas as novas bandas. Com o Moptop não foi diferente. São comparados a Los Hermanos, The Strokes, mas diferente de muitas bandas, encaram isso de maneira normal. “Somos a primeira banda a dizer que as comparações são verdadeiras”, diz Gabriel, sem se esquecer de que “algumas comparações são preguiçosas”.

Mas as semelhanças ficam apenas nos discos. Gabriel acredita que nos shows, o repertório diferencia uma banda das outras. A única vantagem das comparações é que elas situam o artista num estilo, o que serve de referência para os fãs. “São bandas de agora, com a nossa idade, que gostam do que nós gostamos. Não dá para fugir do gosto”, diz.

Outro ponto em comum entre essas bandas é a paixão pela música. Mas o Moptop sabe que é um meio difícil. O quarteto continua trabalhando em outros ofícios paralelos à música. “Queremos viver com música nas nossas vidas e não de música”, diz Gabriel.


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Exclusivo: Disco do Moptop é despretensioso, diz o vocalista Gabriel

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