O Pior dos Melhores

Existem vários nomes na música, que se consagraram por trabalhos primorosos. Aqueles álbuns que você não se cansa de ouvir, que marcam momentos nas vidas das pessoas, ou que simplesmente soam divertidos.

Porém, depois de um tempo considerável na estrada, talvez um ou outro disco não tenha recebido a devida atenção, e eis que surge aquele ruído na carreira do artista.

É o caso do cantor, guitarrista e compositor Lou Reed. Eu sei que muitos fãs incondicionais podem discordar, mas é em momentos que se ouve o disco Sally Can’t Dance, que se faz necessário resgatar o bom e velho senso crítico.

Pensemos no currículo de Reed. O cara foi o formador da Velvet Underground, uma das bandas de vanguarda da década de 60, que influenciou nomes como Iggy Pop, David Bowie, Joy Division, Sonic Youth, Jesus and Mary Chain e até Nirvana.

Após o término da banda, Lou seguiu com sua carreira solo, se tornando um pouco mais comercial, se comparado à proposta de sua falecida banda.

Lança o álbum Transformer (1972), que traz a famosa “Walk On the Wild Side”, onde o músico muda o tom, mas não muda o tema (falando sobre o submundo de Nova York), e “Perfect Day”, a música do famoso, no universo alternativo, filme “Transpotting”.

Depois dar à luz um álbum como esse, é normal esperar uma sucessão de bons trabalhos. Mas, dois anos mais tarde, em 1974, eis que chega Sally Can’t Dance, para decepção dos que estão acostumados com o selo “Lou Reed” de qualidade.

“Sally Can’t Dance” e eu não consegui ouvir. Até que “Ride Sally Ride” é audível (apesar dos coros insuportáveis), mas “Animal Language” deixou bastante a desejar. De onde saiu a inspiração para descrever a morte do cachorro de Miss Riley, com um tiro na boca, e do gato de Miss Murphy, com um coágulo?

E eu não sou a única pessoa a achar que esse CD ficou bem ruinzinho. O próprio Lou disse: “eu não queria fazer Sally Can’t Dance de maneira alguma. Eu gravei todos os vocais em um único take, em 20 minutos, e dei adeus. Eles me pediram algumas canções mais dançáveis e eu dizia que não sabia fazer isso”. Deu para perceber. Têm faixas nesse CD que de tão calmas poderiam ser usadas como canções de ninar.

Apesar do “fazer nas coxas”, e para desespero do próprio Reed, o CD foi um sucesso, ficando entre os 10 mais vendidos (fato único em sua carreira até então).

“Parece que quanto pior fico, mais vendo. Se eu não aparecer no próximo disco, provavelmente chegarei ao número 1! Ele ficou entre os 10 mais sem canção nenhuma de trabalho!”, disse Lou na ocasião.

Lista das Músicas de Sally Can’t dance:

1) Ride Sally Ride
2) Animal Language
3) Baby Face
4) N.Y. Stars
5) Kill Your Sons
6) Ennui
7) Sally can’t dance
8) Billy
9) Good Taste

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Desculpe Lou, mas 'Sally Can't Dance' saiu pior que a encomenda

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