Trocamos idéia hoje com Ana Rezende, que manda ver na guitarra e nos teclados como parte da banda brasileira mais bombada na gringa atualmente, a paulistana Cansei de Ser Sexy. Junto com Luíza Lovefoxxx (voz), Adriano Cintra (baixo e voz), Carolina Parra (guitarra, teclado e vocais de apoio) e Luiza Sá (guitarra, teclado e cowbell), ela está comemorando o recém-lançamento do álbum Donkey, publicado em 27 de julho. É o segundo do Cansei e documento da profissionalização e do aperfeiçoamento musical que a turma vivenciou de 2003, quando surgiu, para cá.
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Entre o divertido-porém-caótico show do Tim Festival de 2004 e a brilhante participação no Planeta Terra de 2007, o Cansei acumulou quilometragem tocando em alguns dos maiores festivais do mundo, como Lollapalooza, Fuji Rock, Summercase e Reading. Já consagrados pelas peripécias que aprontavam em estúdio, também aprenderam direitinho a cartilha dos palcos. Quanto ao desempenho nos palcos, para além do simplesmente performático e do bom humor peculiar, eles já convencem na execução das músicas. Animando geral, deram uma rasteira nos que não acreditavam no refinamento do ao vivo da banda.
Faro apurado
Tudo confirmando que o faro da Sub Pop, gravadora que investiu em nomes como Nirvana e Smashing Pumpkins e também viu o potencial do Cansei há tempos, é mesmo dos bons. Por meio de um acordo com brasileira Trama, a Sub Pop acertou também a liberação do novo álbum do Cansei, por tempo limitado, para download gratuito. Quer ouvir o Donkey? Vale clicar aqui para baixar o disco e não perder a leitura do papo que batemos com a Ana, registrado a seguir. Além do Donkey, coxinhas, basfonds de bastidores, Madonna e Lindsay Lohan estão na pauta.
A repercussão do Donkey tem dividido a crítica entre aqueles que curtem a veia mais rock do Cansei e aqueles que sentiram falta do electro, mais forte no primeiro álbum de vocês. Como você se sente em relação a essa recepção?
Acho que o som que mostramos nesse álbum veio como resultado de um processo muito natural. Eu entendo que as pessoas achem o anterior mais electro; mas, de qualquer forma, a gente é uma banda de rock. Uma banda com três guitarristas, não uma banda de electro. Qualquer pessoa que vai aos nossos shows sabe disso. As músicas do primeiro disco, quando tocadas ao vivo, já soavam muito próximas do som que mostramos no Donkey E quantos às críticas? Bem, quem não gostou pode fazer um disco e cair no mundo. O que importa é que a gente está feliz com o disco.
A diferença entre os shows de vocês no Tim Festival de 2004 e no Planeta Terra de 2007 mostra o quanto o Cansei evoluiu no palco nesse meio tempo. Como você descreveria esse processo de aperfeiçoamento?
Também veio de maneira natural. O show do Tim foi o primeiro para o qual a gente montou alguma coisa, alguma estrutura. Antes, o nosso som no palco era caótico. A gente não esperava tocar em um lugar como o Tim, mas quando o convite surgiu, lógico que a gente ficou feliz e topou. Eu acho que foi um show primário, mas fiquei orgulhosa, porque foi a sementinha do que viríamos a ser. Já o show do Planeta Terra foi incrível mesmo. Eu adorei. Essas mudanças foram possíveis principalmente graças ao dois anos que ficamos fazendo turnê pelos Estados Unidos, quando ganhamos muita experiência.
Assista ao Cansei de Ser Sexy em Rat is Dead, destaque de Donkey
Como tem sido tocar com o Jon Harper, que assumiu a bateria do Cansei após a saída da Ira?
O Jon era técnico de bateria do Adriano e, por isso, alguém que já conhecíamos. O problema de colocar alguém novo na banda é que a pessoa precisa se adaptar. A gente não ia pegar um drogado. A pessoa precisa trabalhar. Como não teríamos tempo de fazer testes, decidimos chamar o Jon. Ele não é considerado membro da banda, mas um músico contratado. Fazemos turnê juntos. Tem dando certo. Em abril, ficamos no Brasil durante duas semanas e ele se entrosou bem com o som da banda.
Tem algum momento curioso de bastidores de festival que o Cansei presenciou recentemente?
O que tem de mais legal em bastidores é que a gente acaba conhecendo pessoas. Tipo Breeders. A gente é super fã e tava nervoso para conhecer a banda. Depois eles mesmos vieram falar com a gente. Foi demais. Ah, e teve o dia da briga entre o John Lydon, dos Sex Pistols, e o Kele Okereke. Eu tinha acabado de ir embora, mas o resto do pessoal presenciou o que rolou. A galera do Bloc tava com a gente e do lado tava o Kaiser Chiefs. Tava todo mundo bêbado, mas o John foi mesmo um idiota. Ele falou algo racista e o Kele ficou furioso, só que o John tem dois seguranças gigantes, que começaram a surrar o Kele e o jogaram contra a parede.
Como o Cansei está se preparando para comemorar os 50 anos da Madonna?
[risos] Eu gostaria de ver um show, até porque nunca vi. Mas a Madonna está meio que perdendo o encanto para mim. Eu adorei o Confessions On a Dancefloor, aquele que tem Hung Up. Só que não gostei nem um pouco desse novo [Hard Candy.
Assista ao Cansei de Ser Sexy em Left Behind, também parte de Donkey
Outra pergunta inspirada no universo pop, com o qual o Cansei sempre gostou de brincar. Lindsay Lohan e Samantha Ronson devem ou não assumir?
[risos] Ah, acho que a imprensa fica especulando, mas elas não precisam se ligar nisso. Elas não são ativistas dos direitos gays.
Já encontraram um paraíso que nem a Benjamin Abrahão [padaria famosa de São Paulo] durante as viagens de vocês?
Não encontramos, não [risos]. A coxinha e o risole da Benjamin Abrahão são imbatíveis. A gente até comeu em um restaurante brasileiro em Nova York, onde a coxinha até que era boa, mas não chegou nem perto. Curtimos alguns restaurantes de Portugal também. Tem um restaurante lá chamado Bica do Sapato, que vende comida mesmo, e é muito bom. E a gente adora comida japonesa. Em Vancouver, no Canadá, tem um japonês chamado Topopo que é tipo rodízio de sushi e tem um salmão selvagem incrível. No Japão, comi o melhor tofu da vida. E em Melbourne, na Austrália, fica meu restaurante favorito, o Cicciolina.
Show no Brasil deve rolar só em 2009, né?
Acho que nesse ano não vai mesmo rolar nada. Quer dizer, a gente adora voltar ao Brasil, mas não depende da gente. Alguém precisa ligar e dizer que tem as condições de levar a gente, que nem como foi com o show do Planeta Terra, que a gente amou.
