(Foto: Jaqueline Militão) Statues on Fire

Manter uma banda independente no Brasil não é fácil, e em muitas vezes o caminho está fora da caixa, ou melhor, fora do país. É o que os paulistanos do Statues on Fire têm feito: mirado no exterior. Com apenas três anos de vida, o grupo já fez três turnês na Europa, sendo que a mais recente foi agora em setembro e outubro, com dezena de shows para divulgar o recém lançado No Tomorrow, segundo álbum da carreira.

“A turnê foi ótima. Não teve nenhum baixo, só altos. Desta vez a banda ganhou nome, os lugares estavam cheios, as pessoas cantavam as músicas e vendemos mais discos do que camisetas, o que achei ótimo, pois o público estava mais interessado na música do que no logo da banda”, conta o vocalista e guitarrista André Alves, expondo uma situação contrária da que rola com o público brasileiro, que tem consumido cada vez menos álbuns. “O Brasil não tem mercado. É triste, porém um fato. Não vamos tocar na rádio e muito menos aparecer na TV, não que não queremos isso, mas simplesmente porque não aparece nada de novo por aqui. Na Europa o mercado independente é mais consistente, o que facilita mais as coisas”, diz o frontman, que já esteve outras 11 vezes em turnê pelo exterior, com sua antiga banda, o Nitrominds.

Coincidentemente, uma das primeiras notícias que o grupo recebeu ao pisar no Brasil foi que o Hangar 110, templo do punk e hardcore de São Paulo, está contando os dias para fechar às portas, o que deixou muita gente triste e preocupada com ‘a cena’. “Acho que nada é para sempre. Entendo realmente os motivos do Marcão [dono do Hangar] em fechar a casa. Não existe apenas lá pra se tocar, apesar de ser o melhor lugar para bandas como a gente. A alternativa é sempre se reinventar e buscar soluções”, opina André.

Uma reinvenção que pode ser notada é a do álbum No Tomorrow, em que a banda pisa ‘de leve’ no acelerador e adiciona uma pegada mais pop nos sons (não confundir com pop music, ok). O single Nowhere Is Always Where I Go, por exemplo, poderia ser um hit do Jimmy Eat World, enquanto a pauleira Minority Ain’t No Longer Just a Few caberia fácil no novo álbum do Metallica. “No novo disco a banda ficou um pouco mais soft, mas sem perder a agressividade e o peso. Na verdade eu acho os dois discos bem consistentes”, afirma o vocalista.

Com essa bagagem toda nas costas de muitos quilômetros percorridos, André, Lalo, Alex e André Curci seguem mantendo o Statues nada estático, forte e resistente. Militantes do underground, diríamos! E, para finalizar, mandam um conselho para quem está começando: “Não pensem em mercado. Não copiem fórmulas ou bandas que já existem. Faça o seu, faça com o coração”.

Statues On Fire na Europa/2016


Créditos: Arquivo da banda

Para saber mais sobre Statues On Fire: www.statuesonfire.com


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Álbum novo e turnê no exterior; Statues on Fire segue resistente no underground

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