O pret-à-porter de Paris vestiu neste domingo (6) uma mulher amante de transparências e vaporosos vestidos longos do inverno de Kenzo, como o sonhado por Estrella Archs, para quem a roupa pode ser uma segunda pele.

A pintora mexicana Frida Kahlo (1097-1954) foi uma das três musas do estilista italiano Antonio Marras para Kenzo, junto com a fotógrafa italiana Tina Modotti (1896-1942) e a artista americana Georgia O’keeffe (1887-1986).

Três mulheres “de personalidade muito forte” que foram representadas perante um cenário de fundo de círculos multicoloridos, reflexo da visão do estilista da festa mexicana e de certos motivos típicos de sua terra natal, a ilha de Sardenha, segundo comentou depois à imprensa.

Seduzido pelo “encantamento cheio de delicadeza viril” dessas três artistas “de alma rebelde”, Marras criou modelos sofisticados e andróginos, saias vaporosas até o chão, retas acima dos tornozelos ou assimétricas abaixo dos joelhos, sempre estampadas.

Vestidos túnica, jaquetas, calças e camisas masculinas, tudo era sensual e confortável, quase sempre sobre botas curtas forradas de pele e com detalhes. No terreno da cor, Antonio Marras foi a contracorrente de si mesmo e tingiu seus modelos de vermelho escuro, verde e roxo, bronzes, marrons, ocres e inclusive preto.

Entre eles, um traje masculino, inspirado diretamente por Frida Kahlo, da mesma forma que alguns de seus vestidos longos de musselina, terminados em um fluido volante a partir do joelho, de patchwork, vestidos com boleros, ponchos e parcas.

Marras desnudou levemente o tronco do corpo humano de seu modelo com jeans com toques transparentes combinados com calças, saias, jaquetas e coletes pretos de peles.

Em contraste com as ricas estampas de Antonio Marras, seu colega francês Alexis Mabille se dividiu entre os escuros e os beges e cinza claro, sem por isso abandonar a paleta vibrante de vermelhos e corais.

Tudo para uma mulher casual, eclética e elegante, que gosta de vestir saias, blusas e vestidos longos ou curtos sem mangas, com decote ou túnica, sobre jeans; e calças largas combinadas com jaquetas e amplos casacos.

O primeiro desfile Hermès de Christophe Lemaire, sucessor de Jean-Paul Gaultier, tomou os 3 mil metros quadrados da nova boutique parisiense da empresa e um tom oriental, ao ritmo da música de fundo e o estilo japonês representado pelas modelos.

O branco que abriu a coleção deu o tom de pureza procurado também em cores areia, gengibre, ocre queimado, marrom e preto, e em uma silhueta reta e alongada, centrada no quadril; no uso de abundantes peles, leggins de couro e botas altas.

Com a espanhola Estrella Archs chegou um dos momentos de poesia do dia, conduzido por 15 dançarinas da Opera Nacional de Paris e três do Crazy Horse.

Entre o Teatro Garnier e o cabaré parisiense, a moda catalã tomou posições no Instituto Cervantes para apresentar suas ideias, inspiradas antes de tudo no movimento e na liberdade, porque “não há nada que não tenha vida que não se movimente”, comentou à Agência Efe.

Ponto de lã, musselina e crepe se transformaram assim em uma segunda pele, construída com superposições cheias de fluência, tingidas nas cores de areia, em rosas, laranjas e preto.

Também neste domingo, quase a portas fechadas, apenas perante um número muito limitado de jornalistas e investidores, se apresentou a última coleção de John Galliano, sem a presença do estilista.

Galliano foi demitido da Dior após ser acusado de injúrias raciais e ter protagonizado um vídeo na internet onde aparece embriagado e apoiando as mais atrozes práticas nazistas.


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Kenzo, Hermès e último desfile de Galliano sobem na passarela de Paris

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