Juntamente com as mudanças no corpo, o início da atividade hormonal costuma causar alterações de humor. A adolescência é uma das fases mais difíceis e delicadas da vida, uma vez que é nesse período que a confiança, a capacidade de formar vínculos e a autoestima passam por seus maiores testes. Nesse sentido, a aparência não é causa propriamente dita de problemas psicológicos, e sim a ponta do iceberg de determinados conflitos. Cabe aos pais ficarem atentos e observarem e separarem o que é a expressão do descontentamento em relação ao corpo de um comportamento exacerbado. “Os pais devem respeitar a individualidade dos filhos, mas precisam estar próximos para ajudar e colocar limites quando necessário”, afirma explica a psicóloga especialista em Dinâmica Familiar e pesquisadora da Unifesp, Patricia Spada.

“É grave quando o jovem ‘condensa’ em sua aparência, especialmente no rosto, toda sua identidade e sente-se tão envergonhado e humilhado que sua convivência em grupo é comprometida”, explica Patricia Spada. Além de consultar um especialista, que pode ser um médico hebiatra ou um dermatologista para a prescrição do tratamento adequado para a pele, é preciso buscar também ajuda de um terapeuta. 

“Outro sinal de alerta é quando o adolescente se deprecia constantemente, como se sua vida fosse resumida às espinhas. Isso significa que para ele sua vida mental/emocional está empobrecida e a possibilidade de desenvolvimento corre perigo”, alerta a psicóloga. A terapeuta enumera ainda outros fatores que evidenciam para os pais a necessidade de terapia: quando o adolescente evita as companhias que sempre teve, apresenta atitudes estranhas e muito diferentes das usuais, dorme demais ou têm insônia persistente, há alterações de peso (ganho ou perda excessiva), declina na vida acadêmica por um certo período, mostra sinais de profunda tristeza, desânimo ou depressão, ou ainda se estiver muito irritado e intolerante. 

Segundo o hebiatra Benito Lourenço, do Hospital das Clínicas de São Paulo, o problema da retração por conta de acne costuma ser até mais frequente em meninos, que não costumam conversar com os pais sobre o assunto e muitas vezes agravam o problema ao adotar indicações de amigos. “Não consideramos mais a acne como algo trivial da puberdade porque entendemos que essa é uma questão séria para eles, que deixa marcas que vão além das cicatrizes na pele e podem trazer repercussões psíquicas”, explica Lourenço.


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Espinhas: quando é hora de procurar um terapeuta

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