Faleceu neste sábado (02), aos 81 anos, o senador e ex-presidente da República Itamar Franco. O parlamentar estava internado no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e desde o dia 21 de maio e fazia tratamento contra a leucemia.

Na ocasião, o senador eleito em 2010 pelo PPS de Minas Gerais, foi internado com sintomas de gripe forte e sinusite. Após exames de rotina, o câncer foi diagnosticado “bem no seu início”, segundo o hospital.

No último dia 27, foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva do hospital após contrair uma pneumonia grave. Em um boletim médico divulgado naquela ocasião, o Albert Einstein havia informado que o ex-presidente apresentara uma “ótima resposta” ao primeiro ciclo de quimioterapia.

Itamar Augusto Cautiero Franco foi o trigésimo terceiro presidente do Brasil. Nasceu a bordo de um navio entre o Rio de Janeiro e Salvador em 28 de junho de 1930, e o registro foi homologado na capital baiana.

O maior legado de Itamar Franco foi a estabilização da economia e a vitória sobre a inflação com o plano Real, em 1994.

Itamar assumiu a Presidência em meio a uma das mais graves crises políticas da história republicana. Tornou-se presidente após a renúncia e posterior cassação de Fernando Collor de Mello, de quem era vice.

Apesar de baiano de registro, Itamar Franco sempre foi mineiro de alma, criado em Juiz de Fora, cidade da família dele. A mãe do ex-presidente mudou-se com ele para o município de Minas Gerais logo após ter ficado viúva, poucos meses depois do nascimento do filho.

Foi em Juiz de Fora que começou a vitoriosa carreira política, filiando-se ao PTB em 1955, quando se formou engenheiro civil.

O início da vida pública não foi dos mais exitosos, e Itamar perdeu as eleições para vereador em 1958 e para vice-prefeito em 1962. Em 1964, com o golpe militar e a polarização MDB-Arena, Itamar filiou-se ao MDB e, três anos depois, foi eleito prefeito de Juiz de Fora. Elegeu-se novamente para o cargo em 1972 e, após dois anos, renunciou para disputar e vencer, pela primeira vez, a eleição para o Senado.

No Congresso Nacional, foi vice-líder do MDB e, ao final dos anos 80, com a volta do pluripartidarismo, filiou-se ao recém fundado PMDB. Deixou o partido para se filiar ao PL em 1986 e, dois anos depois, ao PRN de Fernando Collor de Mello.

Foi vice na chapa vitoriosa de Collor na primeira eleição direta para presidente da República desde o fim do regime militar. No entanto, as divergências com o então presidente culminaram com a saída de Itamar do PRN em 1992.

Com a renúncia e a cassação de Collor após escândalos corrupção, assumiu interinamente a chefia do governo e do Estado em 2 de outubro de 1992. A efetivação como presidente da República ocorreu em 29 de dezembro de 1992.

Itamar foi um dos poucos presidentes que não discursaram na posse, e apenas cumpriu o protocolo prestando juramento. No dia seguinte, em 30 de dezembro de 1992, o recém-empossado Itamar Franco falou à nação.

No primeiro pronunciamento como presidente da República, destacou o fortalecimento das instituições democráticas no país.

Itamar Franco ficou pouco mais de dois anos à frente do país. O tempo, embora curto, foi suficiente para que a história do Brasil fosse mudada com a estabilização da economia pelo Plano Real.

O sucesso dos planos foi tamanho que o ministro da Fazenda de Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, foi eleito para sucedê-lo.

A curta passagem de Itamar pelo Planalto também tem curiosidades, como a paixão pelo Fusquinha, que voltou a ser fabricado no governo dele. Também causou polêmica a foto do presidente em pleno carnaval na Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, ao lado de uma modelo pouco vestida.

Após deixar a Presidência em 31 de dezembro de 1994, Itamar foi nomeado embaixador do Brasil em Portugal pelo sucessor Fernando Henrique Cardoso e também foi embaixador na Organização dos Estados Americanos, mas deixou o posto para se candidatar a governador de Minas Gerais em 1998.

Itamar venceu a disputa e exerceu o cargo de primeiro de janeiro de 1999 a 31 de dezembro de 2002. Nas eleições daquele ano, apoiou o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, que havia feito dura oposição ao governo dele.

Lula nomeou Itamar embaixador do Brasil na Itália, onde ficou de 2003 a 2005. Itamar Franco voltou a ocupar cargo eletivo em 2011, após mais uma vez ter sido eleito senador por Minas Gerais, agora pelo PPS.

A atuação na última passagem pelo Senado foi marcada por duros discursos contra o governo Dilma Rousseff e contra a inércia da oposição.

Itamar Franco foi diagnosticado com leucemia em 25 de maio de 2011 e, desde então, esteve afastado do mandato e falecendo neste sábado (02).

O corpo do ex-presidente será transferido para Juiz de Fora, para ser velado. Em seguida, será levado para Belo Horizonte, onde será cremado, após receber homenagens no Palácio da Liberdade.


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Morre aos 81 anos em São Paulo o ex-presidente Itamar Franco

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