Ao todo 58% dos brasileiros acreditam que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”, segundo revelou uma pesquisa que levou a presidente Dilma Rousseff a reconhecer que o Brasil “ainda tem muito o que avançar no combate à violência contra a mulher”.

Segundo a pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que entrevistou 3.810 pessoas, 63% consideram de maneira “total ou parcial” que os casos de maus-tratos contra a mulher no âmbito doméstico “devem ser discutidos somente entre os membros da família”.

“O resultado deixa claro o peso das leis e das políticas públicas” na luta contra a violência de gênero, publicou Dilma em sua conta no Twitter, onde reconheceu que a pesquisa mostra que “governo e sociedade devem trabalhar juntos para atacar a violência contra a mulher, dentro e fora dos lares”.

Por sua vez, o Ipea, que publicou nesta quinta-feira (27) a pesquisa, opinou que apesar de que 78% se mostraram “totalmente” a favor de que os maridos que batem em suas mulheres sejam presos, os dados coletados “não permitem pressupor um alto grau de intolerância da sociedade brasileira à violência contra a mulher”.

Assim, 89% dos entrevistados opinaram que “roupa suja se lava em casa”, enquanto 82% afirmaram que não se deve interferir nas brigas de casados.

De acordo com os autores do estudo, a população ainda tem “majoritariamente uma visão de família nuclear patriarcal”.

“Embora o homem ainda seja visto como o chefe da família, seus direitos sobre a mulher não são irrestritos, e excluem as formas mais abertas e extremas de violência”, afirmou a instituição em comunicado em seu site.

Para o diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, Rafael Osorio, atualmente existe no país “uma rejeição à violência física e psicológica” e, segundo afirmou o comunicado, 42% das pessoas acreditam que as mulheres são injustamente culpadas pela violência sexual.

Osorio alertou, além disso, que 27% dos brasileiros “acredita que a mulher deve ceder aos desejos do marido ainda sem querê-lo, e esse é um dado perigoso”.

Para Dilma, a primeira presidente do Brasil, o caminho é a “tolerância zero à violência contra a mulher”, como publicou em seu Twitter, seguida pela hashtag “#Respeito”.


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Mais da metade dos brasileiros culpa as mulheres por abusos e estupros

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