Celso Russomanno

LEIS
Emílio: Pouca gente conhece os direitos que você tem ao adquirir um bem ou contratar um serviço. Celso, foi você quem criou o estatuto de defesa do consumidor?
Celso: Na verdade, a quantidade de leis em defesa do consumidor é muito grande. Algumas leis foram criadas por mim. Outras, por outros parlamentares. Hoje, nós temos o melhor código de defesa do consumidor do mundo. A legislação brasileira é a melhor do mundo e isso não sou eu quem digo, não. A tese é confirmada por vários políticos e parlamentares do mundo todo, tanto da Europa, quanto das Américas.
Emílio: Eu acho isso muito engraçado porque o Estado brasileiro cria os estatutos e cabe ao cidadão fazer coisas que não são feitas nem na Dinamarca e o Estado não cumpre com o que está escrito no estatuto e não faz absolutamente nada. As leis podem ser as melhores do mundo, mas não são cumpridas na prática.
Celso: Este é o grande problema. Fazemos leis boas que não são cumpridas. O estado deveria ser o primeiro a cumprir estas leis como bom exemplo, o que não acontece. Então, ficamos refém de uma situação bem chata. É necessário fazer um trabalho sério de fiscalização para fazer valer o que está no papel.

DIREITOS DO CONSUMIDOR
Emílio: Como você começou nesta carreira?
Celso: Um dia, minha esposa passou mal em casa e a levei para o hospital. Ela estava com uma infecção que estava se generalizando. Era final de campeonato de vôlei e os médicos estavam vendo jogo e não estavam no hospital. Aí, acabei fazendo ali dentro uma matéria mostrando que no hospital não havia médicos. Ela precisava de antibióticos. Na enfermagem, tinham apenas duas aprendizes: uma boliviana, uma equatoria. Não estavam preparadas para atender minha esposa, que faleceu. Como eu já trabalhava na Tv, tinha equipamentos no meu carro e fiz ali uma matéria. Aí mudei meu estilo de trabalho. Comecei a fazer “direito do consumidor” no jornal “Aqui Agora”. Depois, fiz “Cidade Alerta” e, em 1994, virei deputado e comecei a trabalhar no código de defesa do consumidor.
Emílio: Esta história particular te levou a fazer política, então?
Celso: na verdade, fui fazer política porque precisava mudar a lei. Eu queria aplicar a lei e ela não funcionava.
Emílio: Nesta história de consumidor, acho que o que funciona mais é a boa vontade?
Celso: Na verdade, o que funciona é o respeito do fornecedor pelo consumidor.


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Celso Russomanno