Atuações nunca vistas de Joan Baez, Santana, The Who ou Joe Cocker no festival que revolucionou a história do rock entre 15 e 18 de agosto de 1969 poderão ser vistas novamente agora graças à edição de colecionador do filme Woodstock – Onde Tudo Começou, com o qual Wadleigh imortalizou o evento.

“Muitos desses artistas já não estão aqui, mas o espírito deles sobrevive em nós, em todos os que mantivemos os ideais da geração de 1960”, disse nesta quinta-feira Wadleigh durante a apresentação à imprensa da nova edição de um documentário que deu a volta ao mundo e com o qual ganhou um Oscar em 1971.

O diretor se mostrou “entusiasmado” com a qualidade da imagem e do som na nova edição de um filme gravado com cinco câmeras enquanto se produzia um acontecimento que reuniu cerca de 500 mil pessoas sob o lema de “sexo, drogas e rock’n’roll”, em uma fazenda cerca de 129 quilômetros de Nova York.

“O certo é que todas essas pessoas estavam lá por algo mais que uma música maravilhosa e foi isso o que retratamos no documentário”, explicou o diretor, que manteve os irreverentes cabelos longos que usava nos anos 60, quando embarcou em uma história que então soava a “ecologia, comunismo e cultura”.

Para o cineasta, Woodstock – Onde Tudo Começou e Woodstock – 3 Days of Peace & Music, de quatro horas de duração, são “um trabalho decente e honesto que utiliza o festival como metáfora de quanta coisa aconteceu durante a década de 60 nos Estados Unidos”.

“É maravilhoso ver esta nova versão. Leva você diretamente para aquele tempo, para aquele show e deixa você tão cansado como se tivesse estado lá”, explicou o cineasta, que contou com o então pouco conhecido Martin Scorsese como assistente de direção.

Wadleigh foi acompanhado nesta quinta na apresentação do documentário por membros de algumas das bandas que revolucionaram a história do rock naqueles dias de agosto, nos quais nem a incessante chuva nem o desconforto de público e artistas conseguiram fazer fracassar o que muitos definem como o melhor show da história.

“Tentou-se imitar muitas vezes Woodstock, com réplicas em muitos lugares, mas jamais se conseguiu reproduzir o que vivemos ali”, disse Michael Carabello, percussionista da primeira banda de Santana que participou no então chamado Festival da Música e da Arte de Woodstock.

Na nova edição do documentário aparecem partes da atuação de Carabello nunca vistas. O músico afirmou que jamais poderá esquecer “o medo” que sentiu ao se ver “diante de meio milhão de pessoas, quando a banda sequer tinha um disco no mercado”.

A nova edição do documentário inclui duas horas de material inédito de 13 bandas, entre as quais, além de Santana, estão Sha Na Na, The Grateful Dead ou Creedence Clearwater Revival.

“Ainda tentamos resolver um enigma: o que fez tanta gente ir até Woodstock”, brincou Joel Rosenman, um dos organizadores, junto a Michael Lang e Artie Kornfeld, de um show que definiu como “o paraíso, apesar das filas, das aglomerações, da chuva e do barro”.

Os cérebros que organizaram o festival não escondem que o evento foi “um enorme fracasso financeiro”, como lembrou Lang, que também reconheceu que, se Woodstock acabou conseguindo dinheiro e ocupando um lugar no mundo, foi graças ao documentário de Wadleigh.

“Acontece o mesmo em qualquer lugar do mundo, sempre há alguém que me diz que esteve em Woodstcok. O que ocorre é que a fita chegou a todas as partes e ofereceu a oportunidade a novas gerações de desfrutar de uma experiência brilhante”, explicou Lang.

Woodstock – 3 Days of Peace & Music será colocado à venda em DVD ou Blue-ray em 9 de junho nos Estados Unidos


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"Woodstock - 3 Days of Peace & Music" será colocado à venda em DVD