Em artigo publicado neste sábado (14) pelo jornal da Santa Sé, o Osservatore Romano, o presidente da Academia Pontifícia para a Vida, Monsenhor Rino Fisichella, afirma que os médicos que praticaram o aborto na menina de 9 anos, grávida de gêmeos após ter sido estuprada pelo padrasto, não mereciam a excomunhão.

“São outros que merecem a excomunhão e nosso perdão, não os que lhe permitiram viver e a ajudarão a recuperar a esperança e a confiança, apesar da presença do mal e da maldade de muitos”, escreve Monsenhor Rino Fisichella, um dos mais próximos colaboradores do papa Bento 16 e maior autoridade do Vaticano em bioética.

“O caso ganhou as páginas dos jornais somente porque o arcebispo de Olinda e Recife se apressou em declarar a excomunhão para os médicos que a ajudaram a interromper a gravidez. Uma história de violência que, infelizmente, teria passado despercebida se não fosse pelo alvoroço e pelas reações provocadas pelo gesto do bispo”, afirma Fisichella no artigo.

Além do mais, o presidente da Academia Pontifícia para a Vida disse que as declarações e o ato de D. Jose Cardoso Sobrinho colocaram em risco a credibilidade da Igreja Católica.

“Era mais urgente salvaguardar a vida inocente e trazê-la para um nível de humanidade, coisa em que nós, homens de igreja, devemos ser mestres. Assim não foi e infelizmente a credibilidade de nosso ensinamento está em risco, pois parece insensível e sem misericórdia”, completou o bispo.

Debate sobre a decisão do bispo

No dia 04 de março, o bispo D. José Cardoso Sobrinho sofreu severas críticas por excomungar os médicos que participaram do aborto da criança de 9 anos. Ao justificar sua ação, o católico disse que, aos olhos da Igreja, o aborto foi um crime e que a lei dos homens não está acima das leis de Deus.

“A lei de Deus está acima de qualquer lei humana. Então, quando uma lei humana, quer dizer, uma lei promulgada pelos legisladores humanos, é contrária à lei de Deus, essa lei humana não tem nenhum valor”, disso o bispo de Olinda e Recife na ocasião.

Entretanto, os médicos afirmaram que o aborto não foi uma decisão fácil de ser tomada, e posteriormente disseram que preferiram ser excomungados ao ver a menina perder a vida, por complicações de um parto.


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Vaticano critica excomunhão no caso de aborto de menina de nove anos