A série de reportagens vencedoras do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e de Direitos Humanos desde a sua primeira edição, em 1979, já estão disponíveis para os internautas no endereço eletrônico : www.premiovladimirherzog.org.br .


 


Voltado especialmente para estudantes, pesquisadores e jornalistas, o novo site permite resgatar histórias de pessoas injustiçadas e outros temas em defesa da cidadania, publicados em fotos, vídeos, textos de jornais, revistas, n a internet ou transmitidos pelo rádio e pela TV.


 


O novo serviço é um projeto desenvolvido em conjunto pela Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República, o Centro de Informação da Organizações das Nações Unidas (ONU), o Instituto Vladimir Herzog e o Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo (SJPESP).


 


Para os organizadores, o site permitirá à sociedade uma reflexão sobre a importância do exercício da cidadania. O ministro Paulo Vannuchi, da Secretaria Especial de Direitos Humanos, disse que a população poderá acompanhar alguns episódios marcantes do passado recente, como alguns efeitos do golpe militar de 1964, “que deixou marcas profundas da violência que o Brasil enfrenta até hoje”.


 


Ele destacou também que essa batalha tem um novo patamar, “não é mais a luta defensiva da trincheira” de quem fica escondido, resistindo para não deixar de ser dizimado pelo “trator” da proibição e do esquecimento.


 


“Agora, não, saímos da trincheira e produzimos sites , livros, produzimos peças de teatro, filmes, reconstruções históricas e tem de estar centrado muito em cima da formação do estudante, do ensino básico ao universitário, do ensino do jornalismo e de outras áreas outras do ensino universitário”.


 


Como integrante dos movimentos que enfrentaram a ditadura militar, o ministro observou que “uma juventude abriu mão de situações confortáveis e derramaram o seu sangue, resistindo a um regime de censura, de cassação, de proibição, de tortura, de morte e de desaparecimento de opositores”.


 


Vannuchi voltou a defender que os algozes reconheçam os crimes praticados. Parea ele, só depois disso é que se poderá discutir a possibilidade de penas alternativas.


 


A primeira reportagem ganhadora do Prêmio Vladimir Herzog é de autoria do jornalista Ricardo Carvalho em que ele retratou o drama do sertanejo José Aparecido Galdino, que foi parar em um manicômio, em 1969, por ter-se manifestado contra a construção da represa de Ilha Solteira. Presente à solenidade de lançamento do site, o jornalista contou que teve “um agradável susto”, ao ver na internet a série de textos que escreveu sobre o caso.



“Bateu uma forte emoção e essa memória tem de ser resgatada”.


Carvalho relembrou que foi atrás da história de Galdino, depois de ouvir uma palestra do professor da Universidade de São Paulo (USP), José de Souza Martins. Galdino, segundo define, era homem muito humilde, analfabeto e que foi detido com status de preso político apenas por protestar contra a represa que iria invadir as suas terras, em Rubinéia, no interior paulista.


 


“Ele saiu às ruas protestando, arrumou um exército de 20 pessoas . Com um chicotinho na mão começou a pregar o não pagamento de imposto. Isso em 1969, imagina. Foi imediatamente preso, levado para a auditoria [Justiça Militar], e ninguém sabia o que fazer com ele, [então decidiram:] põe esse louco no manicômio”.


 


Segundo o diretor do Instituto Vladimir Herzog, o engenheiro Ivo Herzog,  todo o material desses últimos 30 anos ainda não está completo, mas a maioria dos trabalhos já pode ser consultada. Ivo Herzog é  filho do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975 nas dependências do DOI-Codi de São Paulo.


 


Nesta segunda-feira (26), às 19h30, no teatro Tuca, na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Perdizes, zona oeste da cidade de São Paulo, será entregue o 31º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.


 


 


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Trabalhos premiados com o Vladimir Herzog em 30 anos já podem ser vistos na internet