Após duas elogiadas apresentações no Rio de Janeiro e no festival Goiânia Noise, o Dirty Projectors chegou a São Paulo para fazer o último show de sua turnê 2009. Com um som quase estourando de tão alto, o grupo comandado pelo guitarrista Dave Longstreth fez um show arrebatador – e que, com certeza, conquistou até aqueles indies que ficaram no canto do Clash Club fazendo “carão”.

Após um atraso de praticamente duas horas (o show, programado para às 21h, só começou às 23h15) e uma abertura energética dos paulistanos do Holger, Dave Longstreth, Brian McOmber, Amber Coffman, Angel Deradoorian e Haley Dekle subiram ao palco para mostrar seu som intrincado e repleto de desconstruções de arranjos e melodias.

O grupo do Brooklin mostrou que as experimentações características de seu álbum mais recente, o celebrado Bitte Orca, não só são interessantes no álbum como também funcionam ao vivo. A banda provou ser capaz de reproduzir até mesmo os arranjos complicados, sendo que o show traz um tom ainda mais pesado e consistente do que o de estúdio.

Começando o show com Two Doves, Imagine It e Cannibal Resource, o Dirty Projectors trouxe a São Paulo um set que mesclou músicas antigas com composições do novo álbum, em uma mistura que se mostrou a escolha certa para uma apresentação pequena (de cerca de 1h15) e de grande virtuosismo.

Mesmo que Longstreth tenha reafirmado que seu talento na guitarra é impressionante, os holofotes estavam virados para as cantoras Amber , Angel e Haley, que trazem ao grupo um de seus grandes diferenciais – os vocais potentes que funcionam como instrumentos, criando as linhas melódicas das composições. O trabalho vocal do trio foi tão impecável que chegou a emocionar o público do Clash Club, que com certeza esperava competência, mas não uma capacidade de transcender completamente o que Bitte Orca oferece.

Embora as canções antigas – como Imagine It, do EP Attitude, lançado em 2006 – tenham agradado o público, foi quando emendou músicas de seu novo álbum que o Dirty Projectors demonstrou, com todos os acordes a que teve direito, que a capacidade de Longstreth como compositor alcançou seu auge em Bitte Orca. A belíssima Stillness Is The Move, No Intention e Temecula Sunrise formaram uma tríade que misturou com pefeição o virtuosismo de Longstreth como vocalista e guitarrista, as vozes potentes das vocalistas e a bateria quase punk de Brian McOmber (um dos grandes destaques do show).

O Dirty Projectors encerrou seu show em São Paulo com muitos agradecimentos e uma promessa: a de retornar em breve para o Brasil. Considerando o sorriso de satisfação do público após a apresentação, bem que poderia ser logo.

Setlist

Two Doves
Imagine It
Cannibal Resource
Remade Horizon
Ascending Melody
Fucked For Life
Gimme Gimme Gimme + Thirsty and Miserable
Fluorescent Half Dome
No Intention
Stilness Is The Move
Temecula Sunrise
Knotty Pine
Mount Wittenberg Orca


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The Dirty Projectors faz show intimista e arrebatador em São Paulo