Macário (Ricardo Trêpa), contador que trabalha na loja do tio, se apaixona loucamente por uma garota loura que todos os dias se abana com um leque chinês em frente à sua janela. A típica Lolita dos dias atuais é Luísa (Catarina Wallenstein), garota com feições angelicais e olhar malicioso, descrita em 1902 pelo português Eça de Queiroz.

Pois seu conterrâneo, o diretor centenário Manoel de Oliveira, desenvolveu a partir do conto Singularidades de Uma Rapariga Loura o roteiro de seu mais recente longa, exibido em São Paulo na 33ª Mostra Internacional de Cinema.

Para quem conhece a literatura de Queiroz, ou mesmo suas adaptações feitas para TV e cinema como Os Maias ou O Primo Basílio, reconhece rapidamente o tom crítico à sociedade portuguesa. E a adaptação sendo
do país, com atores, sotaques e diretor locais, parece ainda mais crível e fascinante. A história é simples e acaba quando, pelo menos no que se espera de um longa metragem, toda a problemática estaria apenas começando.

Algumas atuações são sofríveis, beirando o amadorismo, mas isso não estraga o produto final. É divertido acompanhar o relato de Macário e todos os infortúnios que ele sofre para conseguir ficar com sua amada rapariga. Em alguns momentos longos demais, Oliveira faz referências à Eça de Queiroz e Fernando Pessoa, demonstrando seu amor pela cultura portuguesa.

No fim das contas é um filme curto e leve, que por ter sido gerado por um diretor com grande bagagem e mais de 100 anos, merece respeito.

E quem quiser conferir, Singularidades de uma Rapariga Loura será exibido na Mostra de Cinema em SP nos seguintes dias e horários:
Terça-feira, 03/11, às 21h no Unibanco Arteplex 5 (Frei Caneca)
Quarta-feira, 04/11, às 16h10 no Cinema da Vila.
Para mais informações sobre o evento de cinema, clique aqui.


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Singularidades de uma Rapariga Loura diverte e nada além disso