Não existe uma fórmula para se tornar uma celebridade virtual. Tem gente que pinta o cabelo de uma cor berrante e cria um fotolog, outros elaboram personagens para achincalharem celebridades ou se travestirem no Twitter de personagens que fazem sucesso na TV.

Já o carioca Felipe Neto resolveu se filmar no quarto, de óculos escuros, enquanto faz o gênero emburrado e crítico da sociedade. Não parece muito atrativo, vai lá, mass números não mentem: o ator de 22 anos é um fenômeno do YouTube. Seus vídeos com a série Não Faz Sentido somam mais de 11 milhões de visualizações, o que coloca sua página entre as 50 mais vistas mundialmente. No Twitter (@felipeneto) são quase 160 mil seguidores.

Com a fama, que lhe rende fãs e críticos na mesma proporção, Felipe mostrou que é possível, sim, ganhar dinheiro com o portal de vídeos do YouTube: seus rendimentos mensais têm uma média de US$ 3 mil. Só que ele não quer depender da internet para sobreviver, mas fazer uso dela para criar uma carreira no cinema e no teatro, como explicou ao Virgula Lifestyle.

E conversar com o garoto sensação do YouTube foi complicado. Foram duas semanas de tentativas de entrevistas, com várias mensagens não respondidas no MSN – material suficiente para acreditar em um certo estrelismo. Após outras insistências, ele deixou um número de celular e atendeu à reportagem durante a festa de sua afilhada.

As justificavas estão logo abaixo.

Está difícil falar contigo, hein!
Minha vida está de cabeça pra baixo. Com a ascensão artística no YouTube estou pensando em vários projetos e, mais importante, executando eles. Vi que a vida no YouTube pode dar certo.

Você já teve um portal de séries, um blog e agora possui videolog. Por que todas essas mudanças? Busca pela fama? Ou você que não é acomodado?
Sempre tive duas paixões: internet e teatro. Estou me afastando de tudo para que consiga viver apenas de atuar. Não busco fama, isso no Brasil é levado como algo negativo, de celebridade, e não apoio esse tipo de cultura. Faço pela arte! Os vídeos nasceram para eu atuar, mas não digo que foram apenas para eu mostrar o meu lado ator. Foi um hobby que virou coisa séria.

 

Você tem apenas 22 anos. Trabalha ou faz faculdade?
Não dou certo com padrões, não trabalho nem fiz faculdade. Vivo pela arte mesmo.

Videolog voltou a ser moda?
“Vlog” nunca chegou a ser totalmente explorado no Brasil. Agora todo mundo quer ter o seu pedacinho devido ao sucesso dos que têm por aí, e eu apoio, pois é algo ligado à arte! Não é porque é moda, sou da “teoria do foda-se”. Faça para ser feliz.

O seu mau humor ali é parte do personagem?
As opiniões são minhas, a forma como eu me expresso é uma interpretação. Eu anoto os tópicos e improviso. Tudo é 100% independente, o cenário é um lugar apertado, minha luz são duas luminárias de supermercado, com difusores de papel A4 presos com palito de dente e durex. É um amador bem feitinho.

Você se considera um formador de opinião?
Existe um estudo básico da sociologia que diz que qualquer manifestação na sociedade é considerada um agente, seja uma pessoa, meia dúzia ou 1 milhão. Então sim, sou, e assumo essa responsabilidade. Faço meus vídeos pensando nisso.

Você está no topo do ranking de parceiros do YouTube no Brasil. Quanto você ganha aproximadamente? Dá para viver apenas com o dinheiro que consegue com os vídeos?
Quanto mais anúncios são colocados nos meus vídeos, mais recebo. Tenho uma média de 700 mil cliques por vídeo, às vezes alguns dão 500 mil, outros chegam a mais de 1 milhão. No final do mês isso dá um valor aproximado de US$ 3 mil. Sim, é possível viver disso, mas acredito que seja temporário. Tenho de me reinventar como artista, não posso me prender a uma mídia. Entrar no mundo do cinema e do teatro são os grandes objetivos da minha vida. Não faço os vídeos pela grana, mas dá uma satisfação saber que ganho dinheiro trabalhando com arte.

Já estão rolando oportunidades profissionais fora da internet?
Vou participar do “Legendários” (Record), estou em contato com algumas emissoras e existem várias pessoas da mídia me elogiando. Estar na mídia como estou agora não me faz melhor ou pior. Se eu puder passar minha vida fazendo teatro e morando em um apartamento de um quarto na Zona Norte carioca, já estarei feliz.


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